Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Mês: fevereiro 2010 (Page 2 of 7)

Depois daquele beijo.

Do G1: Meninas se beijam em bloco no Rio e acabam na delegacia.

Engraçado notar como atitudes de um Sr. como este (de 50 anos, moralista padrão, que fez a denuncia), tem sentido contrário ao que desejaria ele, ou seja, acontecimentos como esse, vão, cada vez mais afirmar o direito defendido pelos outros foliões. Porque certamente chegará o dia em que, o Sr. em questão um pouco mais velho, vai acudir a polícia com o mesmo propósito, e a polícia dará de ombros, oras, por pura insignificância.

Pior de tudo é a situação cômica em que se mete a polícia a troco de nada, várias guarnições para prender 2 meninas??? Um policial atropelado com pé quebrado por causa de um beijo??? Rio… Pra não chorar.

E veja a imfâmia da declaração do Sr. 50, “Ele disse que viu duas moças se beijando e pensou que uma era menor de idade. Ele achou que nesse caso seria errado uma menor de idade beijando outra maior de idade…”, quer dizer que esse Sr. passa os carnavais a procurar e a fazer cumprir a lei de corrupção de menores?! Se fosse um beijo entre outro cinquentão e uma garotinha ele também denunciaria, ou identificando-se com seu semelhante, seria complacente? Seria ele só mais uma pessoa com olhar eivado de teias de aranha de qualquer natureza (religiosa?)…

O delegado Gustavo Valentini, usou de seus tantos anos de estudo, na universidade e posteriormente pro concurso, para concluir: “verificou que não houve nenhuma corrupção de menores”.

De todas a melhor declaração, e amis sensata, é mesmo a da garota mais velha (18 anos,  a mais nova tinha 17): “O meu beijo não tinha nada de agressivo, é um beijo como qualquer outro beijo de carnaval, uma coisa que acontece. Não precisava ter causado a confusão que causou”.

Impressionante a polícia se meter num caso assim, e os policiais ainda recebem diploma de curso supeiror ao acabar o curso de formação… A julgar pela qualidade de nosso sistema educacional, não vou falar nada, ainda bem que estão começando a exigir diploma de nível superior nos concursos pra soldado, assim nossa super preparada polícia passará a ter dois diplomas. Como diz a música, “polícia para quem precisa de, polícia…”.

PS: Ainda bem que o delegado, justamente, liberou a turma do beijo, caso os tivesse detido, ainda teria pago mico, pois a artigo de corrupção de menores no Código Penal teve a idade alterada no ano passado,  foi de 18, para 14 anos.

Severiano Miranda.

"Alguém segura o passado".

Assisti hoje na TV Câmara a reprise do programa Expressão Nacional exibido no último dia 02 de fevereiro. O programa consistiu num debate sobre a Comissão da Verdade e era composto pelos deputados João Almeida e Pedro Wilson, pelos cientistas políticos Glenda Mezzaroba e Otaciano Nogueira, e pelo general Rocha Paiva.

Foi um debate longo e consistente. O fato é que eu sou a favor da apuração de crimes cometidos em períodos ditatoriais em qualquer parte do mundo, pelo que sou completamente a favor da criação da comissão e acho um retrocesso a discussão em torno de um assunto como este. A ditadura e a lei da anistia são indefensáveis.

O fato é que após assitir o tal debate passei a admirar ainda mais a cientista política Glenda Mezzaroba, cujos escritos a propósito da lei da anistia eu já tinha lido, e a repudiar ainda mais a postura patife do citado general.

Dentre as estúpidas defesas do general consigo destacar duas que o levam ao mais elevado grau de estupidez. A primeira foi afirmar que em 1964 não houve golpe, mas sim um contragolpe civil-militar, em reposta a um golpe civil que estava sendo preparado. Esta pessoa realmente não tem qualquer respeito para com os familiares dos desaparecidos políticos, dos mortos e dos torturados. Não sei o que é mais patife, querer impedir a apuração da verdade ou sequer dignar-se a chamar a coisa pelo seu nome.

A segunda foi dizer que não consegue compreender o porquê de se endeusar terroristas e de satanizar os torturadores, quando afirma que a comissão deve apurar as torturas e desaparecimentos cometidos pelos dois lados da ditadura, o do Estado com seu aparato militar e o dos grupos civis.

“Alguém segura o passado”, disse o deputado Pedro Wilson. É mesmo inevitável perceber que o exército brasileiro quer segurar o passado na tentaiva de reduzí-lo a isto: passado. Apurar os crimes, declarar quem foram os torturadores, desenterrar corpos, e, finalmente, fornecer as certidões de óbito aos familiares de desaparecidos políticos é impedir que outros períodos ditatoriais ressurgam. Tem que se lembrar para prevenir. A memória tem esta função.

A postura dos militares brasileiros é mesmo vergonhosa.

Olívia Gomes

A menina de 9 anos que foi excomungada.

O então Arcebispo de Olinda e Recife, D. José Cardoso, excomungou uma menina de 9 anos. Hoje, D. José Cardoso encontra-se reformado, pois atingiu 75 anos. O ato de excomunhão motivou-se por aborto e atingiu não apenas a criança, mas o médico realizador do procedimento e familiares.

A excomungada foi estuprada pelo padastro e engravidou de gêmeos. A menina estava física e moralmente debilitada,  era filha de uma família paupérrima de Recife e teve o aborto realizado dentro da legalidade brasileira, pois tratou-se de caso de estupro e o procedimento médico visou a proteger a vida da gestante. É óbvio, até para um padre de visão curta, que uma criança de nove anos corre risco de vida em uma gravidez.

D. José formou-se na burocracia da Igreja Católica, tendo estado longamente em Roma, desempenhando serviços de funcionário do Vaticano. Ou seja, uma espécie de burocrata público de sotaina, ávido por regulamentos e documentos oficiais.

O ápice de sua carreira eclesiástica foi o Arcebispado de Olinda e Recife. Nunca foi uma figura muito estimada, mas isso não é propriamente um defeito. Poderia ser imputada essa falta de estima ao seu rigor de administrador formalista e à sua discrição. Mas, D. José destacou-se negativamente por mais outra característica: a estreiteza intelectual que, neste caso da excomunhão, ficou evidente.

Recentemente, o Cardeal Rino Fisichella, Reitor da Pontifícia Universidade Lataranenze de Roma, publicou, no Observatório Romano, uma carta contra a excomunhão da menina de 9 anos. O Cardeal Fisichella, convém apontar, é tido como um intelectual de pensamento refinado. Ele disse, em resumo, que a vida da menina era o valor maior em questão e, portanto, as práticas visando à sua conservação não eram delitos passíveis de excomunhão.

Para quem não se detiver para perceber como pensa uma corporação fechada, as palavras do Cardeal Fisichella parecerão óbvias e até banais. Claro, existe a legalidade e ela não se submete e normas religiosas em um Estado laico, como o Brasil. Todavia, não é pouca demonstração de bom senso o que disse o Cardeal.

Ele pôs em jogo os princípios, aquela parte não propriamente normativa que inspira todo o sistema legal, seja canônico, seja laico. Por desconhecerem os princípios a fundo e os mecanismos lógicos para maneja-los e por acreditar mais em papéis que em realidades, cometem-se erros estúpidos como o do Arcebispo.

Ou seja, o funcionário de estreitas capacidades e de afazeres burocráticos é capaz de aplicar erroneamente aquilo que deveria saber usar, até porque ufana-se de conhecer todos os regulamentos. Mas, desconhece o que pode ter inspirado os regulamentos em que gastou as retinas e apoiou o nariz a vida toda.

Desconhece, mesmo sendo um religioso medianamente graduado, que a doutrina acima do palavrório dos seus regulamentos não reconhece a manifestação de vontade dos incapazes. Que essa doutrina afirma o valor máximo da vida; que essa doutrina afirma a misericórdia divina com os inocentes.

Mais trágica ainda que a tolice canônica de D. José foi a reação de alguns prelados graduados em Roma. Redigiram uma carta contra o Cardeal Fisichella, dirigida ao Bispo de Roma, pedindo punição para o sensato. Essa carta foi sumariamente desprezada pela Cúria, em uma postura reveladora de que ainda há gente pensando no Vaticano.

Soneto de Teresa D´Ávila.

Eros e Tánatos na mísitca de uma poetisa castelhana, religiosa católica do século XVI. Uma grande poetisa, diga-se.

Al Cristo Crucificado

No me mueve, mi Dios, para quererte
el cielo que me tienes prometido,
ni me mueve el infierno tan temido
para dejar por eso de ofenderte.

Tú me mueves, Señor, muéveme el verte
clavado en una cruz y escarnecido,
muéveme ver tu cuerpo tan herido,
muévenme tus afrentas y tu muerte.

Muéveme, en fin, tu amor, y en tal manera,
que aunque no hubiera cielo, yo te amara,
y aunque no hubiera infierno, te temiera.

No me tienes que dar porque te quiera,
pues aunque lo que espero no esperara,
lo mismo que te quiero te quisiera.

Escadaria para o paraíso, de Eugenio Merino.

A escultura Escadaria para o paraíso, de Eugenio Merino, foi exposta na ARCO 2010, uma Feira de Arte Contemporânea em Madri. É óbvio que visa a provocar polêmica, colocando, um em cima do outro, religiosos islamita, católico e judeu.

Não me pareceu plasticamente bonita a escultura, mas a idéia é interessante. O escultor, candidamente, diz que visou a representar as religiões no seu desejo da subida ao divino. Explicação boba e dissimulada, a meu ver.

As reações têm sido muitíssimo evidentes. A embaixada de Israel reclamou, associações islâmicas e um e outro sacerdote católicos reclamaram. Era isso que Merino queria, está claro, reações evidentes contra algo que, no fundo, não constitui ofensa alguma. Afinal, esses senhores referem-se todos ao mesmo deus!

A Song for Jeffrey, do Jethro Tull.

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Davi falou em Jethro Tull, na postagem da música dos Mutantes, e o Aqualung voltou a tocar na minha memória. E lembrei da faixa que é uma entrevista de Ian Anderson, explicando como o Tull compunha e gravava. Depois, como faixa bônus, A song for Jeffrey, gravada ao vivo.

Esse vídeo, acho que é do Rock´n´Roll Circus, sessão promovida pela BBC. O fulano de cartola e casaco vermelho, sei que é Jagger. Gostaria de saber quem é o menininho vestido de palhaço. A banda, esta é the fantastic Jethro Tull…

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