Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Mês: outubro 2010 (Page 1 of 7)

Dilma Roussef Presidente do Brasil.

Dilma Roussef, Presidente da República

Dilma Roussef, Presidente da República

Dilma Roussef foi eleita Presidente da República Federativa do Brasil. Será combatida pelos média e rejeitada por alguns poucos setores das classes médias, de tendências fascistas e anti-liberais.

Não será antagonizada por uma verdadeira direita liberal, que isso falta ao Brasil. O antagonismo que a espera é resultante basicamente de ódio, preconceito, mesquinharia, ignorância e entreguismo.

A Presidente é verdadeiramente a pessoa adequada para levar adiante a realização de um país condizente com suas potencialidades, que são imensas.

Um Brasil proporcional às suas possibilidades é um país que rompa com o esclavagismo, ou seja, um país em que as riquezas naturais e os resultados do trabalho revertam para os seus detentores, sejam os trabalhadores, sejam os velhos, sejam os banqueiros.

Isso foi o que o Presidente Lula inaugurou: um pouco de liberalismo social-democrata. Esse pouco foi suficiente para despertar a ira de alguns oportunistas que se queriam liberais e meritocráticos sem, todavia, o serem. Isso foi o que pôs o país na rota do crescimento econômico.

Foi o que agora aprova-se nas urnas, o fim da segregação absoluta.

Juízes privilegiados pouco importam-se com justiça ou com o país.

Portugal viu-se obrigado a adotar medidas de austeridade para estancar o aumento do défice público e, futuramente, reduzi-lo. É claro que poucos falam dos endividamentos privados, certamente mais perigosos que o público, mas isso não significa que o problema dos dispêndios públicos seja desprezível.

Foram necessárias medidas de redução de despesas e de aumento de receitas. O imposto sobre valor agregado e o imposto sobre as rendas aumentaram. No caso do primeiro, mantiveram-se alíquotas especiais para os bens essenciais, como forma de reduzir a injustiça fiscal que esse tributo traz em si.

No caso do imposto sobre as rendas, aumentaram-se alíquotas nas faixas mais elevadas e reduziram-se as deduções, também nos escalões mais altos. Isso é uma questão básica de justiça social e de chamamento dos mais privilegiados a pagarem conforme suas possibilidades maiores.

Eis que os magistrados foram aquinhoados com uma subida do imposto sobre rendas e tiveram redução de benefícios como o auxílio para residência. Os juízes portugueses estão entre os mais bem remunerados e menos produtivos da União Europeia, convém salientar.

Se as medidas ficais atingissem indistintamente todos os escalões de rendas, seriam uma tremenda injustiça, em um país que conta com 20% da população na pobreza, segundo critérios europeus.

Ora, suas excelências reagiram, fortes no corporativismo e no ridículo de manifestações de entidade sindical de titulares de órgãos de soberania! Julgam-se inatingíveis, eficientes, e sem dívida de solidariedade com o restante do país. Julgam-se obreiros dos êxitos e escusados de serem parte em qualquer esforço nacional.

Suas excelências ganham muito bem, recebem um auxílio para morada completamente destituído de razões plausíveis e têm sessenta dias de férias, formalmente, porque na verdade são mais.

Deste outro lado do Atlântico não é muito diferente. Na verdade, parece-me pior, pois aqui, em geral, são mais arrogantes ainda, mais bem remunerados e menos produtivos. Julgam-se seres apartados da realidade social que os envolve e deles não se podem esperar quaisquer sacrifícios em nome de algo maior que a sua própria corporação.

Em tempos de crescimento econômico vigoroso, essas coisas podem até continuar, pois a pujança reduz a preocupação com os outros. Mas, esse mesmo crescimento e sua possível estabilização, levarão a que se pense nessa e noutras corporações com mais cuidado. Levará a que se ajustem seus imensos custos e se verifiquem suas reais utilidades.

Algum dia, no Brasil, será necessário verificar se precisamos deste nível de litigiosidade, se não será o caso mesmo de uma grande  e deliberada encenação para justificar o movimento da máquina jurídica, de forma auto-referente. Se não há, enfim, um enorme défice e uma burla institucional somente para dar espaço à corporação jurídica.

Em homenagem ao dia das eleições!

Algumas capas, daquela que é a revista semanal mais “vendida” do país, porque como diz o filosófo, relembrar é viver.

Sérgio Motta - Inventando o mensalão.

Sérgio Motta - Inventando o mensalão.

No nordeste se "comia" calango?

No nordeste se "comia" calango?

Curso: Como ficar rico, e quebrar o país.

Curso: Como ficar rico, e quebrar o país.

Quando é que tu ganha outra mesadas dessas?

Quando é que tu ganha outra mesadas dessas?

Cereja no bolo. Quem não prometeu nada, fez o que pôde. Se vai continuar assim, depende de voto.

Cereja no bolo. Quem não prometeu nada, fez o que pôde. Se vai continuar assim, depende de voto.

Por último e não menos importante, é bom escutar da boca do PRÓPRIO José Serra, o que é certo e o que é errado, em termos de política econômica. Pra quem estiver indeciso, e tirar dez minutos antes de votar.

Atire a primeira pedra aquele que nunca tentou.

E se, somente se, a religião realmente admitisse que não tem todas as respostas?!?! É por isso que é tão importante essa tal de inclusão digital, e a pulverização dos meios de comunicação de massa. Nada de ficar tudo nas mãos, dos Marinho, dos Civita, dos Macedo, dos…

"-Eu não tenho todas as respostas, tente o google."

"-Eu não tenho todas as respostas, tente o google."

A fontezinha do Largo da Senhora-a-Branca.

Estamos em uma residencial simpática no Largo da Senhora-a-Branca. Essa parece-me a zona mais aprazível de Braga, tem uns jardinzinhos, uma igreja, casas assobradadas.

É um sítio bonito, em oposição ao vulgar de onde moramos, há um ano e tanto. Quase todos os dias passávamos por aqui, rumo ao centro. Eventualmente, parávamos na pastelaria que há ao lado da residencial, para um café, uma sande, um doce.

Puseram-nos em um quarto com janelas para o largo, no segundo piso, bem em frente à fontezinha redonda. Ela não tem qualquer coisa de especial, nem de propriamente antigo, mas é bonitinha.

Um balde redondo em baixo, de seus dois metros de diâmetro, por um de altura. Uma coluna central encimada por uma espécie de prato raso, de onde a água sai e verte pelas bordas. Tudo em pedra e tudo muito comum.

Mas, pedra e água dificilmente resultam em feiúra. A moleza e a dureza estão bem uma para a outra, fluída uma, estática a outra, transparente uma, escura a outra.

Há dois ou três dias, surpreendi-me ao perceber que a fontezinha estava seca e a água parara de cair. Estranhei. Estranhei supersticiosamente mesmo.

No dia seguinte ao do secamento, lá estavam dois homens a trabalharem na fontezinha, a limparem, rejuntarem as emendas das pedras. Relaxei, pois era nada mais que uma manutenção de rotina.

Mais um dia e ainda trabalhavam. Hoje, pela manhã, um homem ainda lá trabalhava, mas parecia que o serviço estava quase terminado. Comecei a recear que amanhã não esteja pronta.

Sábado é o último dia para vê-la cheia e a verter água novamente e eu a preocupar-me com isso! Nunca a vi assim vazia e parada.

Até parece um mau agouro, como pássaros a voarem no sentido inverso ou coisas deste tipo, que anunciam um funcionamento incorreto dos destinos.

Bem, para mim é um incômodo difuso, meio tolo, meio supersticioso. Muito pior deve estar sendo para os pombos que lá bebiam água.

Como sacanear um poema.


José Luís Peixoto em seu livro “Uma Casa na Escuridão*”, escreveu isso que Antônio Abujamra cita, não que seja uma citação ruim, afinal de contas foi a partir dela que eu cheguei no José Luis. Mas afinal sabendo-se que na verdade, a citação “completa” fala mais de amor do que de filosofia e/ou desengano, o que cabe melhor!? Talvez a obra toda seja a melhor pedida, de qualquer forma, vai outra citação, com esse mesmo trecho escolhido pelo Abujamra.

EXPLICAÇÁO DA ETERNIDADE

devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.
os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.
por si só, o tempo nao é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe,
no entanto, a eternidade existe,
os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos,
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.
foste eterna até o fim.

José Luís Peixoto (Galveias, Portalegre 4 de setembro de 1974, Portugal), é um escritor e dramaturgo português.

* – O nome do livro, após pesquisas incansáveis, vi que podem ser dois “Uma Casa na Escuridão” e “A Casa, A Escuridão”. Aviso para que ninguém pague pelo meu erro.

Política + religião = Serra?

Jeito certo de fazer política?

Jeito certo de fazer política?

Muito se discutiu nos últimos dias, sobre uma bola de papel na cabeça de José Serra. Não que seja certo sair por ai jogando bolas de papel nos outros, mas sim porque ninguém acreditou (ou pelo menos quase ninguém) na encenação feita pelo candidato e pela principal rede de TV do País acerca da consequência da tal bolinha de papel. Ademais disso, e depois de ver a foto acima, eu gostaria mesmo que José Serra do PSDB ganhasse as eleições presidenciais brasileiras. No final das contas, os Cristãos ficam com a foto abaixo, tomara que haja cartazes de apoio a ela também.

Petrobrax

Petrobrax

De Saramago para quem o quiser ler.

Eu sugiro aos entreguistas brasileiros, até porque está em linguagem bastante direta e assim não lhes doem os miolos, como acontece quando deparam-se com alguma sutileza maior ou com poesia.

“A mim parece-me bem. Privatize-se Machu Picchu. (…) privatize-se a Capela Sistina, privatize-se o Partenon (…) privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei (…). E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. (…) E já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.”

(José Saramago, in “Cadernos de Lanzarote – Diário III”, págs. 147/8)

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