Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Mês: agosto 2011 (Page 2 of 3)

O cata – vento de Homer Simpson, o papel reciclado e a prima donna acadêmica.

Íamos de Campina Grande a Recife, um dias desses, e passamos por João Pessoa. Na saída da outrora aprazível capital paraibana, no sentido de Recife, há três aerogeradores, três turbinas eólicas de pouca potência. Acho bonito de ver-se, com aquelas imensas pás a rodarem aparentemente devagar, as pontas ligeiramente fletidas para trás. E acho importante que se as utilizem, como diversificação, tímida, é verdade, da matriz energética.

Fez-me lembrar um episódio dos Simpsons, aquela família em que a menininha foi a mais bem aquinhoada intelectualmente pelos deuses. No tal episódio, Homer Simpson perde a paciência com os preços elevados da energia eléctrica que lhe vendem e resolve, muito americanamente, solucionar o problema a partir da sua criatividade e poder de iniciativa.

Simpson devia ter visto muito o canal Discovery e lido qualquer coisa de Ciência Popular – lido menos que visto TV, naturalmente – e sabia de meios para escapar da servidão às companhias eléctricas. E, além do mais, é um norte-americano típico, ou seja, um empreendedor e buscador de soluções by himself.

Sabia, portanto, da existência desses maravilhosos cata-ventos grandes, que produzem energia a partir do nada ou, em perspectiva mais americana, a partir do que Deus criou para uso e deleite dos homens. Claro que Homer não sabia de custos, que isso não se aprende nos almanaques, embora saiba de preços; mas, são coisas diferentes. Bem, na obra, a questão dos custos é abstraída…

O Simpson mete-se a construir sua turbina eólica, seu grande cata-ventos libertador das extorsivas tarifas de energia, cobradas pela companhia gananciosa. Sim, gananciosa, porque na américa do norte não se diz que uma companhia rouba, diz-se que é gananciosa. Dizer ladroagem seria falar mal do país, que é uma companhia!

Depois de algum trabalho, o cata-ventos está pronto a ser utilizado e tudo sai às mil maravilhas. Funcionam todas as dezenas de lâmpadas acesas em cômodos vazios, a torradeira elétrica, o fogão eléctrico, o forno de microondas, a máquina de lavar roupas, a máquina de lavar pratos, as quatro TVs de quarenta polegadas, o portão eléctrico da garagem…

Vai tudo no sentido que deve ir, até que o vento deixa de ir em qualquer sentido. A menininha, Lisa, manifesta o lamento mais singelo de todos, quando o vento deixa de ventar, ela fica triste, diante da TV, quando esta apaga-se no momento em que House ia dar o terceiro diagnóstico errado!

Um francês desses que leu um terço de Deleuze e vive a reclamar que 1.500 euros mensais dão para nada diria que Homer Simpson descobriu a inevitabilidade da escravidão às grandes companhias. O próprio Simpson, não me lembro o que disse ou achou, mas voltou para a companhia eléctrica, que afinal nada é tão caro quanto ficar sem TV.

Homer Simpson pode ter ou não ter doutoramentos, mas está por toda parte. Não ele mesmo, é verdade, que o original é bastante honesto e desinformado. Alguns dos outros  são menos americanos médios e mais americanos médios altos, ou seja, mais bem informados e totalmente aptos ao conflito de interesses, sempre sob a capa da ciência e dos bons modos ambientais.

É o ambientalismo de papel reciclado, coisa que viceja por aqui, difundindo-se mais facilmente que pé de algaroba. O exemplo do papel reciclado, não o consigo esquecer porque representa o amor ao detalhe, exatamente onde o detalhe é mais detalhe. Se há uma coisa que é sustentável é a produção de papel, que vem toda de madeira ou de papel; a primeira mais barata que a segunda.

Não se derruba um hectare de mata, hoje em dia, para plantarem-se bosques de pinus para fazer-se papel. Não afirmo que as plantações programas e manejadas estejam onde sempre houve pinus, mas que ele está onde pode estar e que as florestas a virarem madeira são repostas. Para ser mais preciso, na Amazônia, fetiche de todo ladrão dos recursos brasileiros – sejam brasileiros ou estrangeiros – ninguém cogita derrubar mata para plantar pinus, porque é melhor criar gado ou plantar soja.

Há duas coisas a serem economizadas a sério: energia e água. O consumo de energia eléctrica pode ser marginalmente reduzido por meio de ganhos de eficiência nos modos consumidores dela. Assim, vários processos podem ser otimizados, com um consumo menor por unidade de utilidade. Mas, isso é mesmo marginal e anula-se pelo aumento dos dispositivos gastadores.

A maior parte ou o todo dos ganhos de eficiência são anulados pelo aumento do consumo. É conhecido que correspondeu à redução de consumo específico dos aparelhos um aumento do número deles, ou seja, à medida que uma TV gastava menos electricidade mais TVs havia por casa. O mesmo pode ser extrapolado para automóveis, por exemplo. A redução absoluta é assunto proibido, porque resulta no óbvio, quer dizer, na conclusão de que é necessário um empobrecimento seletivo dos que sempre gastaram mais.

Mas, a coisa virou assunto do dia e devia mesmo virar. Problema é que o discurso tornou-se alternativo ao mesmo tempo que manteve-se mainstream. É facílimo sofismar nessa área, por duas razões: primeiro, as massas reconhecem o problema como algo a ser tratado seriamente e, portanto, estão abertas para o que vier dos especialistas, que elas próprias dependem deles para lhes dizerem o que deve ser feito; segundo, que há os fulanos aptos a fazerem o papel dos fornecedores da verdade, sem parecerem funcionários de alguém.

E eles dizem que está tudo errado, que nós somos bárbaros desprezadores da tecnologia existente, barata, viável e capaz de resolver tudo. Eles não dizem que a tecnologia barata, disponível e viável não é barata, é pouco disponível e não é viável para resolver o problema, quando se consideram as cargas em questão.

E eles não dizem para quem trabalham, nem dizem tudo sobre o que propõem! É fácil sofismar com omissões grosseiras que não serão percebidas por quem recebe a ciência das prima donnas científicas como gotas de orvalho divino.

Algum imbecil diria que são desprezíveis os meios de geração de energia eléctrica a partir dos ventos e do sol. E outro imbecil diria que eles são suficientes para suprirem toda a demanda existente. E, nenhum dos dois tipos de imbecil dirá que é preciso reduzir o consumo!

Acontece que os imbecis não querem ser tratados assim e que, tampouco, querem ser tidos como mal intencionados, eis um impasse aparentemente difícil, que se resolve a favor deles. Nem são imbecis, nem são mal intencionados: são escravos que, por necessidade, dizem isso ou aquilo.

É possível que algum fulano acresça ao seu currículo as coisas belas do mestrado e do doutorado, com inevitáveis e poucas expressões em francês e alemão. Que tenha feito metade do que o pessoal que conferiu-lhes o grau exigiu – que metade basta e eles sabem disso. Que saiba fazer contas, que não receba suborno merecedor da qualificação e do nome próprio dele. Mas, é provável que tudo isso se misture na formação de um especialista que fala o que sabe improvável e recebe por isso de uma fonte que, improvável, pode-se saber qual é.

Hoje, no Brasil, não faltam especialistas que digam, simples e candidamente, que uma matriz energética fundada em geração hidroeléctrica é ruim; que florestas de células fotovoltáicas e de aerogeradores seriam o ideal e, principalmente, suficiente. Essa gente não dirá que uma matriz diversificada é desejável e possível, dirá que a atual é ruim, eis o ponto central.

Essa gente tem lado, o de quem os paga. E usa o sentimentalismo de ocasião que emociona as massas. O sujeito leva-te às lágrimas com a comovente estória da energia barata, oriunda do que Deus te deu, vento e sol.  Há energia nos ventos e no sol, como nos movimentos das marés, mas ela não é algo que se ponha no lugar do que há hoje, imediatamente. E, o mesmo sujeito não te diz dessa transição! Ele te vende um milagre e diz que há iniquidade no que faz acender teu computador e tua TV, precisamente o que te permite ver e ouvir a tolice do especialista.

Receio começar a achar que os especialistas são seres imunes a mosquitos, ao frio e ao calor, que não usam computadores, nem nada que consuma energia. Mas, eles são o inverso! São intensivos no consumo do que propõem a redução e encarecimento!

A seleção brasileira, a Rede Bobo, o povo e Ricardo Teixeira.

A seleção brasileira jogou contra a Alemanha, na Alemanha, em uma partida que valeu nada. Perdeu por 3 gols a 2, o que não é o final do mundo, principalmente tendo a Alemanha como adversária. Claro que a equipe brasileira vem jogando mal, basta lembrar o festival de mediocridade apresentado na Copa América, recentemente.

Não vi a partida de hoje, porque resolveram disputa-la no meu horário de trabalho, sem me perguntar a opinião! Esse pessoal do futebol é mesmo bastante antidemocrático, logo percebe-se.

O avanço da idade e da minha iniciação nos mistérios divinatórios têm permitido-me afirmar o que não sei, com grandes chances de acerto. Não vi a partida, mas acho que foi transmitida pela Rede Bobo, com exclusividade. Estabelecida essa premissa por adivinhação, as consequências advém naturalmente e, agora, por lógica formal comum.

Vai começar a sessão de linchamentos pessoais e destruição de personalidades. O que vai dar certo, porque o público tem anos ou décadas de instrução com o inominável da rede bobo. Todo mundo fala tudo, ninguém entende porra nenhuma, até porque não vê o jogo. Ouve o que dizem os narradores e prende-se aos detalhes. Daí, ou põe no céu, ou lincha! Enquanto isso, o mafioso-mor surfa na onda da copa de 2014.

Imagino já o imaginável, ou seja, o dia seguinte no trabalho. E, olhe que eu trabalho em uma repartição pública! Todos os lugares-comuns falados pelo narrador – inominável, sempre é bom frisa-lo – serão repetidos. Como o modelo de superficialidade imbecilizante funciona bem, eles fornecem três ou quatro aspectos de nada, o que permite ao sujeito ávido por falar que fale como se o fizesse por si.

O especialista que cada um acredita ser também poderá achar-se um especialista único e original, porque terá três ou quatro irrelevâncias a escolher para que uma delas pareça sua opinião.

Assim, acontece com tudo. A coisa mais previsível do mundo é um ambiente de trabalho ou alguma reunião na segunda-feira. Todos os falantes no ambiente estarão vomitando pedaços mal-digeridos da bobagem que mais lhes chamou atenção na revista Veja ou no programa Fantástico, da Rede Bobo, ou no futebol que passou na Bobo. Invariavelmente!

Funciona um pouco como uma novela, do ponto de vista esquemático. Na novela, os tipos sociais básicos estão presentes, quase sempre a partir de cortes maniqueístas. Então, há modelos básicos para todas as pessoas se identificarem. E, indentificando-se, o sujeito sente-se lisonjeado, pois um decalque dele está na televisão. Há mesmo tipos falsificados, que parecem ter até mais sucesso, pois acrescentam fantasia à identificação.

Na análise do futebol funciona assim. A culpa é de um jogador, ou é da bola, ou do juiz, ou de qualquer detalhe imbecil que isoladamente nada significa. Nunca é do chefe da banda…

Pobreza, pobreza, pobreza…

Vez e outra, visto umas calças velhas, camisa idem, tênis mais velho ainda, deixo os documentos na gaveta, tiro o relógio do pulso, ponho algum dinheiro no bolso e saio a andar, sempre pela manhã, cedo. Não tiro a aliança do dedo, mas talvez fosse bom, porque se ma pedirem não a conseguirei retirar com a rapidez conveniente ao ladrão, que pode então resolver leva-la com o dedo junto.

É coisa de doido, sei bem disso, gostar de andar assim meio à toa. Só não é completamente à toa, porque sempre acabo nalgum mercado, compro bananas, laranjas, saio e torno a andar. Não é a caminhada dos caminhantes desportistas, é a caminhada que me apraz, simplesmente. E ando a olhar as coisas como se ainda descobrisse nelas qualquer tracinho de desconhecido, pois é bom surpreender-se com o velho.

E olho as pessoas também, é claro. As pessoas e as coisas aqui formam retratos tristes. Feios, melhor diria, sem arrodeios maiores. Pobres sem terem sido senão pobres, sempre pobres. As ruas e calçadas sujas, repletas de buracos. Os edifícios, com raras exceções, feios, mal alinhados, sujos.

O país enriquece há oito anos, continuadamente. A distribuição das riquezas melhora, discretamente, como nunca tinha acontecido. Milhões de pessoas foram elevadas ao que se chama classe média, coisa que é bom definir: segundo o Ipea – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – é quem tem renda familiar mensal entre R$ 1.000,00 e R$ 4.000,00. Todavia, é um mar de pobreza!

Curiosamente, na fila do mercado, hoje, estava o jornal do dia com uma matéria sobre os percentuais de gente na tal classe média. Na Paraíba, 37% da população está na classe média, o que é a segunda menor proporção do país.Não significa necessariamente que este seja o segundo estado mais pobre do país, mas é quase isso.

Ora, se somarmos aos 37 outros 03% dos que se encontram mais acima, ficamos com 60% de pobres e miseráveis! A propósito destes últimos, convém dar a definição técnica, que é das poucas definições técnicas, com números, capazes de escandalizar quem pense. Não digo quem se emocione com as coisas, digo quem pense. Bem, miserável é o sujeito que tem renda mensal inferior a R$ 70,00. E há 16 milhões de miseráveis no Brasil!

Antes de pensar que a proporção de pobres nem é tão elevada, lembre-se, quem a isso se inclinar, que a renda de corte é ridiculamente baixa e que tudo neste país é caro. Alias, nem tudo é caro, pois o preço do trabalho é baixo, excepto no serviço público e nos serviços de saúde. Os restantes preços são todos elevados, principalmente dos manufaturados. São caros também os imóveis e a comida.

E há quem ache, de achar mesmo, sem disfarces, que a melhora na distribuição não é assunto sério. E há quem ache que a miserabilidade é qualquer coisa semelhante a uma opção pessoal, algum diletantismo de vagabundo que se alimenta de ar e luz.

O quadro é daqueles terminados sem verniz, quando se acrescenta à pobreza a deseducação generalizada. Essa, é a coisa mais democrática que há no Brasil, pois atravessa todas as classes sociais. Todavia, os miseráveis são cobrados por sua deseducação; são cobrados por quem é deseducado na mesma proporção, diferindo somente nos rendimentos!

Todavia, há prédios imensos e reluzentes, condomínios residenciais suburbanos no estilo do sonho norte-americano, Land Rovers e Mercedes por todos os lados. É óbvio que o dinheiro existente roda à volta das mesmas pessoas, sempre. Também é óbvio que essas pessoas vivem eterna deformação, que cercadas de pobreza e feiúra são elas pobres e feias, mesmo que viajem a Miami para comprar o chapéu daquele rato bobo.

A costureira que não tirava medidas.

Processos e mais processos, tolices e mais tolices, tudo muito tolo e presunçosamente importante e urgente. Prazos, argumentos que servem para nada, excepto para serem eles mesmos uma coisa, porque são nomes e nomes sem verbos. Representações de si mesmas a ocuparem o tempo fazem dele prisão.

Essas coisas do dia-a-dia são sempre as mesmas. O que dramatiza seus efeitos é sua pretensão à importância e nossa sucumbência a essa situação, porque são obrigações.

Que haja obrigações é algo normal. Problema é esvaziarem a cabeça ou encherem-na somente de bobagens que postulam a situação preeminente. Quase conseguem, assim, fazer esquecer as trivialidades que não se querem filosofias ou grandes obrigações.

E quase esqueço uma estória saborosa, simples e curta, que escutei outro dia desses. Estória bem nossa, daquelas em que o principal é a sagacidade de uma personagem. Estória feita sob medida para ser contada oralmente, com volteios ou com ida direta ao ponto; com alterações na entonação da voz, com repetições enfáticas. Enfim, coisa de ser falada e não escrita.

Por isso, atrevo-me a contar a estória, mas com receios. Sim, porque escrita não produz os efeitos de falada.

O caso é que antigamente, nessas terras nordestinas, não se compravam roupas feitas, mandavam-se fazer. E as fazedoras de roupas eram as costureiras, que alfaiates já eram um degrau acima em sofisticação e só faziam roupas para homens. Tanto a costureira, quanto o alfaiate, todavia, eram figuras do comum, ou seja, não eram o que hoje chama-se estilista e que atua no espaço da exclusividade.

As costureiras faziam roupas de homem e de mulher, indistintamente. A coisa toda passava por comprar-se o tecido, ter alguma idéia do resultado desejado e procurar a costureira. Então, a costureira iria tirar as medidas do cliente, anota-las e, eventualmente, dizer-lhe que comprasse mais tecido, pois aquele não dava. Depois, podiam ser necessárias novas medições e ajustes, o que implicava nova visita à costureira.

Esse era um processo meio complicado e, às vezes, demasiado custoso para uns. Sim, porque o sujeito que mandava fazer uma roupa não residia necessariamente no mesmo local da costureira; estamos em agrestes e sertões com muitas cidadezinhas pequenas e afastadas umas das outras, com transportes precários e difíceis.

Nesse ambiente, destacou-se uma costureira do Cariri Paraibano, não sei de qual cidade. Ela tinha uma habilidade muito peculiar e valiosa para quantos homens quisessem mandar fazer uma camisa, por exemplo. Ela não precisava tomar as medidas do cliente!

Chegasse alguém conhecido – dela e do cliente – e dissesse que seu fulano queria fazer uma camisa, ela simplesmente perguntava de onde era o cliente. Mas, como, perguntava o interlocutor? Sim – dizia – só preciso saber de onde o sujeito é. Só de onde é? – impressionava-se o intermediário. Sim, pelo lugar de onde é o cabra eu sei o tamanho, as medidas, tudo.

E fazia as camisas, que se ajustavam perfeitamente, apenas a partir da origem do cliente!

Vou-me embora pra Pasárgada. De Manuel Bandeira.

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive

E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d’água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.

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