Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Mês: novembro 2011 (Page 2 of 3)

Profecia.

Hoje, um real brasileiro compra um pouco mais que dois pesos argentinos. Hoje, ainda, como sempre, vive-se melhor na Argentina que no Brasil. Não é uma conclusão, realmente, nem uma imputação causal, mas há menos brasileiros na Argentina que no Brasil…

Suponhamos que os brasileiros conseguissem convencer os argentinos, os uruguaios e os paraguaios a adotarem o real – com outro nome é claro – como moeda comum. No início, os brasileiros iriam comprar mais caro o que compravam mais barato. Depois, sabe-se lá quantos anos depois, teriam comprado a Argentina, o Uruguai e o Paraguai.

Se isso desse errado, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai poderiam mandar o Brasil às favas e retornar às suas moedas. Por que?

Porque o primeiro e o último têm riquezas tangíveis (soja, carne, gás, petróleo) que a Ásia comprará sempre. O Uruguai tem riquezas, mas mais que isso tem pouquíssimos uruguaios.

A Grécia e Portugal e a Espanha (e esta última é uma farsa econômica) podem deixar o euro. Mas, não têm mais que oliveiras e vinhos e cortiças. Se deixarem o euro ou o mantiverem, empobrecem de toda forma.

Os alemães precisam, não dos franceses ou dos demais europeus, mas dos russos. Eles precisam de energia e os russos sabem disso. E sabem que os alemães nunca deixaram de ser o que são.

Se fizerem com os alemães o acordo que estes últimos querem, acaba-se euro e por uma via totalmente escamoteada, de que não se fala. Acaba-se, não pelas dívidas dos endividados, mas pela grande via e por iniciativa do grande vencedor.

Acontece que os russos podem querer vender a energia em rublos, ou seja, podem querer manter sua soberania financeira.

Isso, ao contrário do que pode parecer, não é o exercício de futurologia que prevê a terceira grande guerra, pois ela não acontecerá por isso, e, sim, por conta de Israel.

Vazamento de óleo da Chevron. Para quem trabalha a grande imprensa brasileira?

Passou-se uma semana do início do vazamento de petróleo no poço da Chevron-Texaco no Campo do Frade, ao largo da Bacia de Campos. A ANP estima que estejam vazando entre 200 e 330 barris por dia. Não é mais um pequeno vazamento: isto representa entre 32 mil e 52 mil litros diários. Essa informação, copiei-a do blogue do Brizola Neto, o Tijolaço.

Nada obstante, silêncio obsequioso da grande imprensa. Não surpreende, na verdade, pois estão todos comprados por interesses outros que não brasileiros. Só fazem escândalo por conveniência política.

Só convocam indignações e marchas e moralismos udenistas, seletivamente. Sua absoluta amoralidade e infidelidade ao factual são coisas evidentes.

Sua fixação é por o governo de joelhos. A grande impresa é a oposição ao governo, no Brasil. E só ela, porque o povo não é, obviamente!

Se vazasse um décimo do que está a vazar do poço da Chevron de um poço da Petrobrás, seria um bombardeio diário. Catilinárias contra a ineficiência da empresa estatal, que deveria ser vendida a preço de banana, no dia seguinte.

Onde estão os ambientalistas histéricos que se reúnem em partidos políticos que, na verdade, propõem a despolitização e assim escondem seu direitismo e entreguismo trânsfuga?

Porco agri-doce com arroz vermelho.

No século XVI os primeiros portugueses que chegaram à recém descoberta Terra de Santa Cruz trouxeram o arroz vermelho de Cabo Verde e introduziram-no na Bahia. De lá, a variedade foi levada ao Maranhão e, em seguida, a toda a região semi-árida do nordeste do Brasil. É o que se conhece por arroz-da-terra, uma espécie arbustiva, que não se cultiva em alagados.

Posteriormente, o arroz branco tornou-se predominante, pois sua produtividade é maior, desde que se disponha de muita água. Hoje, o arroz-da-terra, o vermelho, é raro; persiste em uma e outra região de cultivos mais rudimentares e tradicionais.

Ele é mais saboroso, os grãos são menores, o tempo de cocção é maior e o volume é nitidamente menor. Depois de vinte e tantos minutos na água fervente, eles se abrem e formam um compacto bloco de arrozes vermelhos e brancos, resultado dos grãos vermelhos dilatados e rompidos ao meio.

Uns sábios, dizem que um francês e um suíço francês, resolveram plantar arroz-da-terra no sertão paraibano. Já produzem bons queijos de coalho de leite de cabra, essa preciosidade que poucos apreciam nestas bandas. Inteligentes, eles cuidaram de embalar o produto discreta e ricamente e desatacaram sua produção orgânica, seja lá o que isso for. Seduziu-me, evidentemente.

Resolvi arriscar a combinação de porco agri-doce com arroz-da-terra, hoje. E resolvi assumir outro risco: isso seria comido com um Chardonnay chileno bem fresco, quase gelado. Convém dizer que todos os Chardonnay chilenos de vinte dólares são bons e alguns esplêndidos.

A princípio, o porco não recomenda um vinho branco gelado. Mas, alguns cuidados podem reduzir essa inadequação. Esse porco tinha pouca gordura e saiu do forno, não de uma frigideira. Estava relativamente leve, macio mas não suculento. Estava mais doce que o ideal, o que inicialmente gerou um pequeno conflito. A doçura, todavia, foi contrariada pelo vinho e o resultado foi agradável.

O arroz-da-terra, depois de muitas adições de água, resultou bom. Ele combinaria melhor com carne assada e vermelha sanguinolenta, mais que com porco ao molho agri-doce. Enfim, a combinação, embora possível, não foi a melhor.

O Chardonnay gelado, senhores sacerdotes do tinto cheio de madeiras, esse não merece qualquer repreensão…

Regresso Humano.

Alguns fatos e opiniões puseram-me a pensar no que caracteriza o humano e, consequentemente, o que poderia indicar e significar um regresso. Uma pequena caminhada ajudou-me, como quase sempre, trazendo um e outro pedaço de percepção que preciso articular.

Primeiro, não se trata de apontar a ocorrência de um regresso atual ou as épocas em que o regresso destaca-se. Antes, de tentar perceber se há regresso e, caso positivo, em que consiste.

Humano é, antes de tudo, uma potência, uma possibilidade, que se põe a partir de uma base comum animal e, mais precisamente, mamífera. Os mamíferos raramente matam para outra coisa além de comer, mas acontece de matarem por outras razões. Acontece de matarem por sentirem-se ameaçados – mesmo animais ditos domésticos – e acontece de matarem por utilidade, notadamente os que vivem em bandos.

Não nos esqueçamos da última assertiva, será axial a quanto segue. Matar, utilidade e bando serão um eixo para perceber o humano, consideradas a ação, a finalidade e a circunstância conjuntamente.

Matar, todos nós bichos matamos. Matar-se não é assunto desse texto, pois o assunto mais importante que existe está acima das ligeirezas que aqui vão. Viver em bando, nem todos vivemos, mas não é algo que dite a inclinação para matar ou não.

O combate e a alimentação, as formas que os humanos separaram, são a mesma coisa, nos bichos. Sim, porque os bichos são utilitários, aliás são o cúmulo do utilitarismo que não se enuncia, nem se anuncia, nem se justifica e, por isso mesmo, é utilitarismo somente por vocação conceitual humana. Mas é, enfim, porque não posso ver senão como humano, embora possa agir como bicho.

Um grupo de lobos pode matar para comer e para repelir uma ameaça, assim como um grupo d´alguns desses cães que, por licença da superficialidade nossa, chamamos domésticos. Um grupo de mamíferos pode matar para deixar para trás um indivíduo fraco, ferido e ainda competidor pelo alimento, para reduzir a concorrência. E isso é frequente.

Na malta, o fraco, o ferido, o claudicante, o nascido deformado, são ameaças reais.  Podem retardar a marcha, podem deixar o rasto forte de sangue fresco, aquele que atrai os inimigos. Podem significar o dispêndio do esforço conjunto que põe em risco o próprio conjunto, que lhe drena as forças porque impõe partilha de sobrevida em favor de quem perecerá, enfim. São mortos ou, se se preferir, para amenizar as coisas com idéias humanas, são deixados para morrer.

Essa natureza – como se tudo não fosse natureza – foi transposta para discursos humanos, que pretendem revelar verdades de comportamentos e apontar sentidos obrigatórios. Mas, isso é falso.

O humano é o contrário do utilitário. Ao contrário do que fizeram crer pessoas que se olharam no espelho e viram nisso uma filosofia, o utilitarismo é a antítese da potência, pois ela reside principalmente em ser mais que ele. Mas, o problema do espelho é que ele mostra Dr. Jekyl e Mr. Hyde.

Humano é o fracasso não utilitário. E não o é porque seja isso comovente, mas por ser a única diferença possível e, se não houver diferenças…

Humano é precisamente não matar o espécime pobre, ferido, que sangra ao relento de habitação e do grupo em geral e, sim, achar que se podem dar-lhes condições de estancar o sangramento. Mesmo que custe mais para o grupo inteiro. Claro, também é humano aceder à vontade do ferido, se esta for no sentido de esvair-se até ao final.

Regresso do humano é a simulação de uma natureza não humana, o que resulta possível, porque é humano simular e fazê-lo bem-feito. Regresso do humano é a cópia mal feita do bicho não humano, que não pensou para ser original.

Pois o regresso do humano encontra-se na lógica que autoriza criar perdedores e vencedores e permite a eliminação ou sucumbência dos primeiros como fato natural supostamente decorrente de uma mecânica invariável. Que há mais fortes e mais fracos, é certo, mas que os segundos devam sofrer efeitos próprios das reuniões de outros bichos e os primeiros devam agir como se fossem os outros bichos, é coisa ausente de lógica, porque a lógica é humana e não utilitária por excelência.

Assim, opera-se inversão da lógica, e agora dela propriamente dita, humana, demasiadamente. Agora, o fulano que toma pau no lombo toma-o porque não poderia ser diferentemente. Uma desigualdade torna-se a justificativa dela mesma, o que não passa da deformação da petição de princípio.

E, o que humano resiste, torna-se o supostamente ilógico. Como, ou por que, partem cem contra mil, se sabem que sucumbirão? Porque são humanos os cem, ora!

War is a profits making game.

No other humam activity needs more money than war. In this case, interest rates overshoot. And money is within banks. So, banks are the most war oriented institutions.

They just need wars to keep goingo on. And, much more than this, they need them to increese in number and spread all around.

So they need a motivation, a reason apparently justifiable. But anyone is good for their aims, as the masses are kept in deep ignorance and confusion.

It´s great business, as all sides in conflagration nedd money. So…

O que Obama faria, se fosse mais inteligente ou mais livre.

O trecho adiante, retirei-o de uma entrevista de Tariq Ali. É simples e cortante. Lúcido, evoca episódio histórico e evidencia algo que não queremos crer: há, sim, na política, notadamente na internacional, posturas estúpidas que conduzem ou precipitam o caos. Ou seja, o controle e a capacidade dos governos, sob a perspectiva de atuarem a bem dos interesses do maior número, é um mito. Segue o trecho:

Pois bem, se os norte-americanos fossem totalmente racionais, o que teria acontecido é o que aconteceu com a viagem de Nixon a Pequim. Obama deveria ter voado a Teerã e ter chegado a um acordo, os iranianos estavam dispostos. Dariam-lhe as boas vindas, mas ele não fez. E o motivo é a oposição e resistência israelense. Houve forças inteligentes no governo norte-americano que disseram que podiam chegar a um acordo, mas o peso de Israel na elite governante dos EUA é muito forte, e não puderam respaldá-lo abertamente.

Anti-semitismo, a acusação máxima.

Leio, no Público, um artigo mal escrito que acusa, meio envergonhadamente, o jornal Avante, do PCP, de anti-semitismo. O artigo refere que o texto de Jorge Messias no Avante serve-se dos Protocolos dos Sábios de Sião, um texto anti-semita e falso.

A falsidade dos tais Protocolos foi decretada universalmente por quem ficaria mal com sua veracidade. Não se sabe a partir de quê definiu-se que o texto é falso, nem se sabe o que é um texto falso. Sabe-se o que é uma cópia, um plágio, mas não o que seja um texto falso. Será que significa apócrifo?

Não me interessam aqui, especificamente, nem os Protocolos, nem o texto do Público, nem o do Avante. Interessa-me algo bastante evidente: os judeus sionistas conseguiram interditar qualquer abordagem sobre eles e o poder que detém. É impossível falar sobre eles, sobre o poder que exercem, notadamente a partir da detenção do dinheiro, sem que surja a acusação de anti-semitismo ou a objeção do holocausto.

A objeção do holocausto é ridícula. Se ele aconteceu, não é razão para estancar toda e qualquer discussão que, no fundo, não lhe diz respeito. Do contrário, ninguém poderia falar de povo algum, porque todos sofreram massacres. Teríamos, para sermos fiéis e essa trava, que não falar de armênios, de africanos sub-saarianos em geral, de índios dos Andes, de chineses…

Talvez, essa desculpa sirva bem a quantos viram o tal holocausto judeu acontecer e acharam-lhe vantagens, como certos banqueiros judeus.

A interdição a partir da acusação de anti-semita esconde duas coisas. A primeira é a confusão deliberada entre anti-semitismo e anti-sionismo, que não são a mesma coisa. A segunda é que não há mais problema em ser anti-semita que em ser anti-islâmico, anti-chinês, anti-comunista, ou anti qualquer coisa.

Inclusive, as posturas anti qualquer outra coisa têm gerado assassinatos em massa, coisa que o anti-semitismo não tem! Claro, Israel, a teocracia judaica, tem à volta de 200 bombas atômicas, o que não recomenda maiores agressões.

Grande parte do sistema bancário mundial é detida por judeus e o sistema é responsável pelo empobrecimento crescente dos que já foram relativamente ricos e pela manutenção da pobreza dos que sempre foram pobres.Quando se acusa o sistema bancário, é claro que se acusam seus donos e boa parte são judeus. E daí?

Não há nisso anti-semitismo, nem algum problema com judeus, há acusação por uma concentração de poder que pôs o mundo de joelhos. Fica obstada a constatação a partir de argumentos tão bobos como os de anti-semitismo e de negação do holocausto?

O mundo precisava que houvesse mais judeus, porque aí haveria mais judeus pobres…

A imbecilização juridicizante.

O pensar jurídico, ou seja, a partir de categorias e modelos jurídicos, espalhou-se e penetrou todos os pensares – claro, restam poucos – imbecilizando-os profundamente. Ora, uma lei interpreta-se porque é interpretável como maneira de buscar saber o que pretendeu dizer o legislador.

O que pretendeu dizer e fazer o legislador deve ser buscado e não é porque ele tenha sido ambíguo ou mesmo contraditório. É porque uma ordem vinda de um legislador não passa de suposta tradução do que quiseram os eleitores.

Assim não ocorre com outras coisas e a arte é a mais evidente delas. Aqui, o intérprete possível é o autor. Quem sabe ou não sabe o que quis dizer é ele.

Sucedeu o seguinte: o compositor e letrista de músicas Oswaldo Montenegro contou que foi fazer uma prova qualquer em uma universidade. Pelas tantas, deparou-se com uma questão que tinha um texto e pedia ao avaliado que apontasse o que o autor quisera dizer, entre as alternativas disponibilizadas abaixo.

O texto era dele, de Montenegro; era um trecho de uma canção dele. Até aí, pouca surpresa, pois as letras dele costumam ser utilizadas em provas. Mas, ele leu as alternativas de respostas ao que o autor teria querido dizer e não encontrou a correta!

Disse que teria marcado nenhuma das respostas, se a opção estivesse disponível. Sim, ele, o único que podia saber o que tinha querido dizer na canção, porque era sua obra, era incapaz de responder!

Se eu digo meu computador fica ligado todo o tempo, porque o gasto de energia é desprezível é tolo perguntar porque eu disse isso. Essa é uma afirmativa seguida da explicação e não pede interpretação ou pergunta sobre algum sentido subjacente.

O trecho artístico tem sentidos subjacentes, que podem ser comentados. Todavia, é sem-sentido indagar o que o autor quis dizer. É habitual comentar o que o observador percebeu, mas descobrir o que o fazedor da obra quis dizer é crer num psicologismo impossível.

Esse episódio, a princípio, pareceu-me cômico. Depois, sintomático da imbecilização profunda a que nos entregamos. Acreditamos em sentidos ocultos e na possibilidade de entrar no conhecimento das vontades alheias? Achamos que tudo está codificado e que somos profundos analistas das vontades dos artistas? Das vontades…

 

 

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