Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Mês: janeiro 2015

As redes sociais e os comportamentos nem tanto assim.

Um grande fenômeno de nossos tempos são as denominadas redes sociais. No Brasil, começou com Orkut e tempos depois chegamos ao Facebook, Twitter, WhatsApp, pra citar algumas das mais conhecidas… Caso é que serviam, a principio, para reencontrar amigos e ver como estão, coisa que antes se fazia com um reencontro de “X anos” de colégio, faculdade, ou o que seja. Logo se tornou local de discussão, quando se descobria que aquele seu amigão de outrora pensava completamente diferente de você, e logo também se tornou algo mais elaborado, a partir do episódio da “primavera árabe“, algo como uma “ágora” do século 21.

Com a evolução, também começaram a haver distinções entre tais redes, em algumas você é meio que obrigado a convivência com os pares a partir do momento que os aceita (como o Facebook), em outras você escolhe as pessoas de sua convivência (como o Twitter), e em outras ainda, você é obrigado a conviver, sem escolhas (como o WhatsApp). Bom, digo isso porque no WhatsApp uma pessoa qualquer pode te jogar dentro de um grupo, e você fica ali, talvez pensando, sair é um bocado deselegante, então tá, deixa ai.

Pessoalmente eu gosto de todas, e acho todas legais, não somente essas três, mas todas as outras que vocês puderem imaginar, inclusive a melhor que é a LastFM, que contabiliza as músicas que você escuta, mas isso é outra história…

Caso é que com a disseminação do WhatsApp no Brasil, pipocaram grupos de discussão de todas as amizades que eu angariei ao longo da vida, inclusive formaram-se algumas nos próprios “grupos”. E no Brasil aconteceu um fenômeno político interessante de “bipartidismo” em âmbito federal, e isso gerou discussões acaloradas, que se intensificaram a priori por dois motivos: o primeiro, parte da imprensa que claramente é reacionária; e o segundo, as eleições.

Mesmo estando fora do país, pela experiência em tais grupos, dava pra perceber que não era uma boa hora para estar lá. Não pelas discussões em si, mais porque boa parte delas se baseia nas mesmas manchetes da imprensa, e acaba tornando-se enfadonho rebater sempre os mesmos argumentos, e ser invariavelmente taxado de seguir algum dos partidos, por qualquer motivo.

Pois bem, acontece que nas discussões, como eu estou um pouco mais distante do país no momento, procurava sempre ter um pouco de leveza e paciência, que não era notável nos interlocutores, fossem quem fossem… Fato claramente gerado pelo clima de animosidade que tocava a todos que estavam no olho do furacão.

Mas, o mais interessante aconteceu com um argumento “tu quoque” usado mais de uma vez, contra o que quer que fosse que eu defendesse, justamente por estar longe: “-Você não está aqui no país, portanto, não deveria opinar sobre o que não conhece!”; “-Você está longe, por isso defende isso!”; “-Sua realidade é outra!”. Todos enfim dizem basicamente o mesmo, que não estar presente invalida toda minha linha argumentativa. Ora, há argumentos tu quoque elaborados, que podem mesmo chegar a confundir. Esse eu classificaria no máximo, como infantil. E se o argumento era esse, ato continuo, eu deixava de discutir e/ou argumentar qualquer coisa que fosse com a pessoa que o proferiu, porque afinal.. Não valia a pena.

Porém as eleições acabaram, e com elas, eu esperava que acabassem as animosidades, coisa que de fato aconteceu na grande maioria dos grupos, e quando, aqui e acolá, aparece alguma, basta não falar e deixar morrer… Mas um caso interessante aconteceu ontem, eu já não comento sobre política em nenhum grupo, há não ser uma piada ou outra que ache engraçada, porque notei que mesmo sem eleições, o clima continua tenso.

Mas, em um de meus grupos, começaram a falar mal do Brasil, que brasileiro era mal educado, enfim, uma série de preconceitos, baseados ou não em fatos, onde todos tinham um objetivo comum, denegrir o país, ou a imagem do país, claro, isentando-se individualmente ao mesmo tempo, de forma que comentários como “Brasileiro não paga metrô (ou ônibus) no exterior, isso é uma vergonha, má educação” acompanhado de “Eu sempre paguei” eram um lugar comum, cito esse, porque foi a minha gota d’água… Mas estavam todos a exprimir-se sobre tudo, desde “jeitinho brasileiro” à “malandragem”.

Como eu estou fora já há algum tempo, e sei que aqui os comportamentos são iguais ou muitas vezes piores, passei a antagonizar algumas das assertivas… Sobre educação, pode-se perguntar a um Holandês sobre a educação dos ingleses, que vão a Holanda destroçar o país, por causa de algumas leis demasiado “permissivas” na opinião dos primeiros… Sobre andar sem pagar, pode-se perguntar a qualquer italiano o significado da expressão “Fare il portoghese“, que vai ai por entrar sem pagar, desde o metrô, até qualquer outro lugar onde você possa entrar sem pagar, mas que seja “obrigado” a pagar. Sobre a fama das brasileiras serem putas, é um problema e existe, mas não é especialmente nosso, veja-se as Russas por exemplo, ou faça-se uma busca rápida no google com os termos, “inglesas”, “festa”, “Ibiza”.

Em suma, todos os comportamentos descritos como sendo de “brasileiros” os há em todas as nacionalidades, claro, observamos os nossos problemas, por conhece-los mais de perto, e sempre nos incomodará mais, um brasileiro estúpido, que alguém de outra nacionalidade ainda que este seja um pouquinho mais estúpido que o brasileiro.

No entanto, o mais interessante veio a seguir, entre a discussão sobre viralatisse brasileira, e política ali nos entremeios, alguém perguntou o que eu fazia para manter-me. Oras, o que eu faço ou deixo de fazer absolutamente não influi na minha linha argumentativa, obviamente a pessoa buscava um argumento “tu quoque” para usá-lo contra mim mesmo, e isto estava implícito no discurso.

Ante a minha resposta jocosa, veio a insistência e era notável que a intenção era a mesma, do “você não está no país, não deveria falar”, só que nesse caso o caminho era mais ou menos “você tem bolsa do governo, por isso o defende”, ou “você não paga imposto, não devia falar de quem paga”, e por ai vai… O motivo da curiosidade era a ajuda a uma terceira pessoa, e/ou falar das dificuldades encontradas por gente que tentou sair do país, e encontrou demasiados obstáculos. O que claramente denotou-se falso a partir do uso da expressão “filhinho de papai”.

Agora, em nenhum momento eu disse o que fazia para me manter, porque nada do que eu faça para me manter invalida qualquer argumento meu, assim como estar fora do país tampouco invalida que eu fale algo sobre o país. E aqui chegamos ao ponto máximo do post, no grupo, eu não sou o único que mora fora do país, há outras pessoas que vivem (no plural) fora do país. No grupo, efetivamente há pessoas (no plural) que são mantidas pelos pais, seja por motivos quaisquer. Não obstante essas pessoas nunca tiveram argumentos rechaçados por viver fora, ou por qualquer outro motivo. Por uma causa muito simples, eles pensam igual ao restante.

Então a conclusão óbvia, mais uma vez, é que se você pensa igual, se é manada, se é massa, tudo bem, pode-se destilar o preconceito que for, o comportamento que for, ou a bobagem do momento, que você será bem aceito no grupo, o pensar diferente será rechaçado, ainda que com bons argumentos, por qualquer razão que se tenha em mente e esteja a mão, sempre que falte um argumento razoável para que continue ou se evolua em qualquer discussão.

Não é a toa que Rachel Sheherazade seja tão popular, mas ainda bem, que as coisas que ela diz só tenham o respaldo que têm no Estado onde ela nasceu, e aqui eu estou sendo tão preconceituoso ao falar mal do Estado, quanto todos foram ao falar mal do Brasil, mas essa não é a realidade da maioria do país, e aqui eu não divido o país em cores, ou partidos, ela não é maioria, ponto final.

A OTAN empurra a Rússia para o oriente.

Há quem não saiba, quem sabendo não aprenda e quem simplesmente prefira agir irresponsavelmente, sabendo de história ou não. É difícil precisar as inclinações específicas dos líderes da OTAN, dentre estas da tipologia anteriormente afirmada.

A Rússia, em duas ocasiões muito conhecidas, pressionada fechou-se e voltou-se para oriente: quando de Napoleão e quando de Hitler. Não hesitaram em fazer terra arrasada, entregar Moscou em chamas e recuar. Esse recuo mostrou-se fortalecedor, porque eslavizou as ricas estepes.

Independentemente de fetiches financeiros e discursos permeados de terminologia economicista, a Rússia nunca está suficientemente quebrada para ser francamente vulnerável a uma tomada ou a uma integral submissão.

A terceira Roma, a herdeira do império Bizantino, a nação que invoca o estandarte da águia bicéfala, não será reduzida assim simplesmente, principalmente hoje que detém arsenal nuclear. E a OTAN sabe disso!

É um pouco assustadora a irresponsabilidade da manobra que se serviu da Arábia Saudita para forçar uma baixa drástica dos preços do petróleo, com as finalidades de estrangular financeiramente a Rússia, a Venezuela e o Irã. Primeiramente, comprova a qualidade de estado vassalo dos EUA e de Israel que ostenta a Arábia Saudita.

Os sauditas foram comandados a aumentar a produção dos poços antigos por meio da injeção de água salgada altamente pressurizada. Isso é irreversível, porque se o processo estancar o restante do poço fica permanentemente contaminado.

Sempre se soube que o país mais rico em óleo é dos menos aquinhoados com know how do processo de extração e refino do petróleo, pelo que depende totalmente do conhecimento técnico dos estrangeiros. Assim, ficou fácil induzir os sauditas à injeção de água salgada pressurizada nos poços mais antigos para aumentar sua produtividade.

Por outro lado, os EUA reduziram drasticamente sua dependência de hidrocarbonetos importados, em decorrência dos avanços na extração de gás e óleo por meio de fratura hidráulica. Claro que essa mágica cobrará custos imensos em termos ambientais e sanitários, mas isso será problema dos mais pobres, que ficarão na terra arrasada.

Ocorre que esta queda de 40% nos preços, em poucos meses, é absolutamente artificial e não se compreende numa perspectiva de processo lento e contínuo de aumento da produtividade de poços antigos e na abertura de novos. É algo nitidamente especulativo, portanto.

Assim, cuidando-se de movimento estratégico baseado em especulação, as tendências podem inverter-se rapidamente, antes que se atinja o desejado efeito de quebrar a Rússia financeiramente. Aliás, antes disso, podem ocorrer as quebras dos países árabes e a desestabilização integral do médio oriente, algo sempre desejado por Israel.

Convém lembrar que são coisas diferentes um país em que o setor petrolífero é forte e outro em que o setor petrolífero é a única coisa que existe. Uma redução drástica dos preços do óleo quebra um país como o segundo, mas não chega para tanto num dos primeiros.

A Rússia volta-se mais e mais para o oriente, notadamente para a China e para a Índia. E isto, presentemente, envolve alianças estratégicas relativas a vendas maciças de armamentos de alta tecnologia. Além do comércio de alto volume, essas transferências solidificam relações.

Não é de todo improvável que o comércio trilateral entre Rússia, Índia e China abandone a intermediação do dólar norte-americano na liquidação das transações comerciais. É dificílimo prever se e quando isto ocorrerá, mas os indícios são fortíssimos para serem desprezados.

Vistas as coisas por este lado e lembrando que estes três países são grandes credores líquidos dos EUA, percebe-se o quão arriscada é a manobra da finança mundial – que tem a OTAN a soldo – contra a Rússia. Os credores podem, com relativa facilidade, induzir desvalorização ou valorização do dólar abruptamente e com efeitos devastadores, em qualquer sentido que vá o movimento.

 Caso vendam suas promissórias norte americanas maciçamente, o dólar cairá subitamente, causando um empobrecimento drástico num já pobre EUA, com efeitos sociais terríveis e provavelmente com grandes agitações de massas. No sentido inverso, caso entesourem mais, a valorização do dólar tornará o mais deficitário país do mundo ainda mais comprador…

Ou seja, esta investida contra a Rússia é de tal irresponsabilidade que somente pode provir de mentes apostadores no quanto pior melhor, na guerra nuclear localizada e controlada, no extermínio de 1/3 da população mundial e coisas deste jaez.