Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

A justiça brasileira é muito cristã? Que tal feriado de Páscoa desde a quarta-feira para todos ou para ninguém?

A Páscoa é a época mais importante para os adeptos da religião do Galileu, pois nela celebra-se sua ressurreição. Ele terá sido morte, por crucifixão, na sexta-feira e terá ressuscitado no domingo. A Páscoa judaica é uma celebração da passagem da morte, que, entretanto, poupou os filhos de Israel.

O Galileu morreu no primeiro dia de Páscoa. Foi logo enterrado, porque não se podiam fazer funerais no dia seguinte, o principal da celebração judaica. E, no domingo, ressuscitou.

A celebração da Páscoa cristã assumiu enorme importância nos países de maioria dessa religião. Na ortodoxia, inclusive, é nitidamente mais importante que a celebração da natividade, que ocorre por ocasião do solstício de inverno do hemisfério norte. Exatamente por isso, tornaram-se a sexta feira e o domingo feriados.

Em países de maioria cristã, embora laicos, faz sentido que sejam datas comemorativas e, portanto feriados no calendário legalmente estabelecido. Todavia, deve haver alguma relação entre o intuito de celebrar a Páscoa e a condição de feriado legal desses dias.

No colosso tropical sul-americano, a Páscoa implica em feriado na sexta-feira e o domingo, esse já é legalmente dia de folga. Todavia, o poder judicial brasileiro não funciona desde a quarta-feira, diferentemente do restante dos mortais brasileiros! Serão os funcionários da justiça mais cristão que o restante da população? Enfim, essa não é uma pergunta tão boba em um país que proclama, na sua constituição, tanto a laicidade, quanto a igualdade.

14 Comments

  1. Domingos Sávio

    É uma pergunta meu caro Andrei que eu nunca consegui responder. Uns são mais cristão que os outros. Impressionante. Serão mesmo servidores federais, estaduais ? Serão mesmo servidores do povo?

  2. Domingos Sávio

    puts foi mal. Uns sãomais cristãos que os outros. Pequei.

  3. Andrei Barros Correia

    Pois é, Domingos. Essa é realmente desviante. Virou piada, de tão aberrante.

    Hoje, fui levar uma petição para ajuizar na justiça federal e brinquei com os funcionários de lá: e aí, vai todo mundo pra procissão a partir de amanhã? Eles acham graça.

    • Domingos Sávio Maia de Sousa

      Procissão irão todos. Gravatá. Porto. Bariloche (alguns). O andor não é de barro não. Na sua militância profissional você(ainda bem) não se deixa levar pela indiferença diante de tais fatos. Nisso eu me identifico com você e lhe admiro. O pior é vermos outros profissionais achando normal e convivendo pacificamente com essa triste realidade. Com esse descaso.

      • andrei barros correia

        Tenho essa impressão também, Domingos.

        O absurdo se consolida a passa a ser visto como normal. Ou seja, as pessoas, no fundo, não acreditam em igualdade.

  4. Germano

    Vergonhoso, lastimável. Se um evento marca de forma inconteste o que é a cultura nacional – pelo menos um aspecto negativo dela – é essa folga desmensurada. A apologia da diferença. A carteirada no plano institucional é nacional. “Tenho a quarta de folga, porque posso”. E os funcionários das varas? “Ah, eu trabalho com dotô fulano de tal”. Povo sem identidade. Quando isso mudar, o Brasil se desenvolve. Um dia esse bacharelismo vulgar…

    • andrei barros correia

      Germano,

      O divórcio entre as formas e a matéria está em quase tudo. Ora, fala-se em princípio da igualdade, que está na constituição.

      Claro que esse princípio não é absoluto e há diferenças específicas.

      Todavia, não há o mínimo de suporte lógico para diferenças no gozo de feriados! Nisso, são todos iguais mesmo, ou deviam ser.

      • Germano

        Andrei
        vc soube do texto que Noam Chomsky produziu para receber o prêmio Erich Fromm? Ele diz que a raiz do todos os males é o maldito golpe de 64, no Brasil, que hoje comemora 46 anos.
        Aqui o texto original, em inglês:
        http://www.countercurrents.org/chomsky300310.htm
        Mas ele foi comentado também no Blog do Nassif. Vale a pena a leitura. Vc viu que Viagem ao Fim da Noite foi relaçado mês passado como edição de bolso, pela Cia. das Letras?

  5. Davi

    Provavelmente, é que eles acham que estão mais próximos de Deus que os outros. Isto acarreta alguns privilégios.

    • andrei barros correia

      É lugar-comum, mas é verdadeiro. Uns não apenas acham, têm a mais cristalina certeza.

  6. andrei barros correia

    Germano,

    Vi, sim, o texto de Chomsky, a partir do Nassif. Uma bela abordagem, lúcida e sem os compromissos habituais. Claro que ele, Chomsky, tem seus próprios compromissos pessoais, intelectuais. Mas, ele foge da corrente e vale a pena ser lido.

    Não tinha visto que Viagem ao fim da noite fora lançado em edição de bolso.

    Sou fascinado pelas edições de bolso e sempre achei que são poucas no Brasil. Na verdade, o mercado editorial brasileiro é imenso para tolices e restrito para coisas boas.

    Ando na febre da estante virtual. É bom, mas não se compara com ir à livraria. Elas se acabaram por aqui, Germano. Em uma cidade de 400 mil habitantes, duas universidades públicas e inúmeras faculdades particulares. Um centro respeitável de tecnologia e etc e não há uma livraria!

    Resiste um sebo -alfarrabista – no centro. Tem muitos livros, mas o acesso tem seus incovenientes. Com esse calor infernal e a insegurança do centro, ir ao sebo é sempre um pouco desconfortável, mas ainda vou.

  7. André Raboni

    Hão de dizer: “Quem pode, pode. Quem não pode, se sacode.” E outras dessas tolices reacionárias.

    • andrei barros correia

      André,

      Se forem premidos para dizerem alguma coisa, será como disseste. Mas, a estratégia é o silêncio mesmo, porque a coisa não tem pé, nem cabeça.

      • André Raboni

        Andrei,

        Pode até não ter pés, nem cabeças, mas tem um espírito barrigudo que os deuses todos nos livrem!

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