Para saber quem manda em você, apenas descubra quem você não pode criticar.

Essa frase é atribuída a Voltaire equivocadamente. O equívoco de autoria, pouco importa se voluntário ou não, não retira a genialidade da proposição, que é de poucas a fazerem sentido independentemente de contexto. Um belo aforismo, portanto.

A imunidade à crítica é o signo certo da presença do poder real. Um critério que pode ser usado gradualmente, a revelar na proporção da imunidade a intensidade do poder de que se cuida.

As investidas contra o poder, desde que sejam sérias, fundadas, contínuas e encontrem grande difusão e aceitação, receberão, gradualmente, advertência, punição e eliminação. Convém advertir que são raras as investidas contra o poder real que o levam a reagir. Isso porque conseguiu conformar uma sociedade de massas tanto incapaz de perceber onde ele está, quanto de dizer ou fazer algo eficaz contra ele.

Outra causa da relativa raridade de reações – principalmente das sanções mais drásticas – é a eficácia com que o poder real delimita um campo de reações padrões contra ele mesmo. Ou seja, fornece os modelos dos ataques que por ele são aceitos, fornece os modelos de narrativas para as investidas contra ele.

Isso percebe-se muito facilmente nos grupos que conseguem predeterminar as piadas que relativamente a eles se farão. Assim, sua tolerância aparente é mantida , enquanto detém o controle quase absoluto do discurso sobre si mesmos e evitam que se vá ao cerne das coisas.

O núcleo do poder real é o sistema financeiro sem fronteiras e suas articulações com a indústria bélica. A mandar nesse sistema está majoritariamente gente que jura perder mão e olho, para que não se perca Jerusalém. Daí evidencia-se que falar dessa gente traga, desde que haja alguma consistência e não se trate do humor por eles mesmos autorizado, a primeira sanção: ser caracterizado como louco ou adepto de conspiracionismo, o que, ao final, dá no mesmo.

Para a enorme maioria dos faladores, o sancionamento pára por aí, pois 90% do que se diz é meio maluco mesmo. Nem é mesmo necessário deter uma evolução no discurso, porque este discurso circular não evoluirá e ficará realmente a parecer paranóia conspiracionista.

Na hipótese de haver uma escalada no discurso, com ganho de consistência teórica e fática, com colheita de e associação de fatos provados e sem embalagem emotiva ou exagerada, entra em cena a segunda etapa sancionatória. Será, então, lançada a maior de todas as acusações, aquela que destrói sem possibilidades de recursos, sem admitir objeções racionais: antisemita!

Hoje, como na verdasde há muito já, é pior que ser considerado abusador sexual de menores, genocida ou traficante de órgão humanos. Estas três acusações que dei como exemplos admitem contradições, objeções quanto à realidade de fatos; a acusação de antisemitismo é absoluta, ela basta-se, é o banimento total e irrecorrível, que nunca se analisa racionalmente.

A última e mais grave sanção é reservada para grandes agentes detentores de alguma capacidade efetiva de criar dificuldades materiais aos interesses do conúbio finanças – indústria bélica. São presidentes, ministros de Estado e que tais. Geralmente ao agiram em contrariedade aos interesses do poder real, já previram o uso dos dois primeiros graus de sanção e estão dispostos a seguirem adiante mesmo assim.

Para estes, resta a eliminação física…