Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Campina Grande: expansão urbana desordenada.

Essas fotografias são o resultado do compartilhamento, entre Olívia, Reginaldo, Severiano e eu, de um gosto anacrônico: passear na cidade no domingo, quando há pouco movimento. Pensamos nas casas bonitas que há em Campina Grande, marcadamente das décadas de 1950 e 1960. E nas sucessivas demolições destas casas para darem lugar a imensos edifícios de apartamentos.

Algumas quadras situadas entre a rua João da Mata e o Açude Velho abrigam a mais simpática zona residencial da cidade. Ruas calmas e arborizadas, com traçados retos, e casas bonitas de estilo moderno tardio. Umas encontram-se em mau estado de conservação, como a da primeira fotografia, outras ainda estão bem conservadas e habitadas.

Precisamente nessa área, a construção civil ocupa-se de fincar prédios enormes em quaisquer espaços disponíveis. Casas estão sendo demolidas, umas após as outras, para dar espaço a esses monstros verticais celebrados como se fossem uma evolução. E muitas das casas demolidas eram realmente belas.

Ora, em uma zona calma, de ruas estreitas, a substituição de uma casa por um edifício de vinte pavimentos significa que haverá oitenta automóveis a mais onde havia dois ou três. Significa que haverá demanda multiplicada por ligações de água, esgoto, energia, telefone e internet. Significa a concentração na demanda por serviços, públicos e privados, que deveriam estar sendo disponibilizados na cidade toda.

Uma cidade de 400 mil habitantes, relativamente desenvolvida e próspera para essa região nordeste em que se encontra, devia cuidar de ter um ordenamento urbano que atendesse a interesses maiores que o mero furor comercial do mercado imobiliário e a vontade acrítica das classes mais abastadas de comprar apartamentos em um bom local. Devia preocupar-se com seu escasso patrimônio arquitetônico, também.

Claro que as coisas mudam, mas há formas de mudar sem piorar a qualidade de vida urbana e sem destruir o pouco de belo que há. A mudança urbanística podia atender a normas de racionalização da ocupação dos espaços públicos, e há muitos espaços a serem ocupados.

Impor regras à construção civil, levando-a a construir mais distante dos centros, traz inúmeros benefícios. O mais evidente é a pressão para se levarem equipamentos urbanos para onde eles são escassos. A povoação de forma não concentrada faz que se distribuam facilidades de serviços em áreas antes não atendidas.

Pelo contrário, a concentração das edificações próximas ao centro, ao custo da destruição de patrimônio arquitetônico, piora a qualidade de vida dos que vêm para essas áreas, inadequadas para atenderem à multiplicação de moradores, e deixa as regiões periféricas sem as corretas intervenções urbanísticas.

5 Comments

  1. Julinho da Adelaide

    Você mostra uma das grandes deformações urbanisticas dos nossos tempos. Apartamentos são feitos em lugares onde há demanda por habitação mas o metro quadrado, pela especulação imobiliária, é muito caro. Não é o caso da maioria das cidades que optam por esse tipo de construção. Principalmente se ~existem áreas úteis para a cidade se expandir. Faz-se mais para atender a vontade de alguns de ganhar dinheiro e de outros em morar em verdadeiros pombais.

  2. bilety-impetaItent

    Hello everybody, hope to know eachother better in near future 🙂

    bilety lotnicze

  3. Wagner Mendonça

    De parabéns pelo blog Dr. Andrei, já o coloquei nos indicados do meu, a primeira casa da foto acima é realmente muito bonita, a muitos tempo que eu e Catarina à admiramos, se conseguirmos juntar dinheiro para compra-lá será menos um monstruoso edifício no centro da cidade.

    Grande abraço.

  4. Wagner Mendonça

    Em tempo, digo: …há muito tempo… e não …a muitos…, hehehe

  5. Andrei Barros Correia

    Obrigado Wagner. Vocês se interessaram por uma das mais bonitas dessas casas que há na área. E está quase abandonada…

    Seria ótimo que a conseguissem comprar e não só evitar a monstruosidade de outro edifício onde já estão muitos, mas viverem em uma casa desejada.

    Digo-te a sério, saber que há desejos desses – de viver em uma casa determinada – é alentador. Sim, porque as pessoas costumam desejar muito difusamente.

    Sejas muito bem-vindo à Poção.

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