Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Copa do Mundo e festa de São João.

Ainda bem que essas duas festas acontecem simultaneamente. Sim, porque em Campina Grande a festa de São João é uma farra que se estende por um mês inteiro e o mundial também durará quase todo junho.

A vantagem de duas manias se sobreporem é clara: elas minimizam uma à outra. Gosto de futebol e de São João, mas não consigo portar-me como se fossem as coisas mais desejáveis e maravilhosas que podem existir a monopolizar todos os interesses, todo o tempo  e todas as conversas.

O torneio mundial, devo confessar, chega a ser um tormento, porque gosto bastante de futebol, de ver gols e jogo bonito. O problema não é propriamente o futebol de funcionário público que quase todas as equipes jogam. É ter que sofrer as habituais pressões para adotar o ufanismo nacionalista que se abate sobre tudo, nessas épocas.

Uma partida que me interesse, por exemplo, não vou assistí-la em bares ou restaurantes, rodeado de pessoas enlouquecidas que não estão percebendo coisa alguma do jogo e estão disparando ao vento os comentários mais bobos, repetidos do que o comentarista televisivo está dizendo. Nem me sinto obrigado a ter um jogo de futebol como pretexto para ir tomar cerveja em algum bar.

Alguma partida que me interesse, vou vê-la em casa, se possível, pois é inviável ver um jogo em um bar repleto de adeptos apaixonados, prontos a endeusarem ou demonizarem os jogadores ao sabor da espuma da cerveja ou das cretinices que os narradores e comentadores da televisão ofereçam.

O problema é que a enorme maioria das pessoas não compreende, nem aceita, reservas como essas minhas. Ainda tento facilitar a vida dos interlocutores, dizendo-lhes que podem ficar com uma de duas alternativas, ou seja, podem me considerar chato ou louco, conforme lhes pareça melhor. Ou as duas coisas juntas, desde que não me encham a paciência com essa estória de reunir-se para assistir a jogos do mundial.

Só me reúno para assistir a jogos que não me interessam, porque a essência da reunião não é ver o jogo, é embriagar-se de emoções superficiais e de julgamentos sumários.

1 Comment

  1. Maria José

    Aqui na minha cidade(Gravatá-Pe) a vida vai devagar,quase parando no chamado mes de São João .Imagine junto com a copa.Tambem prefiro assistir as partidas que inteessam em casa no sossego ,sem ouvir os comentarios gritos ,a poluição sonora.

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