Eu sugiro aos entreguistas brasileiros, até porque está em linguagem bastante direta e assim não lhes doem os miolos, como acontece quando deparam-se com alguma sutileza maior ou com poesia.

“A mim parece-me bem. Privatize-se Machu Picchu. (…) privatize-se a Capela Sistina, privatize-se o Partenon (…) privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei (…). E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. (…) E já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.”

(José Saramago, in “Cadernos de Lanzarote – Diário III”, págs. 147/8)