Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Frita aí uns ovos com bacon, que Antonino tá com fome…

Muitos homens ricos, de riqueza antiga e rural, tiveram a ventura de serem também tolerantes e abertos, duas qualidades que os inspiravam à ditadura que é o mecenato dos pequenos intelectuais.

Esses seres acolhidos na casa senhorial rápido percebem que as citações, o escândalo por pouco, a fome e o desalinho do cabelo e das roupas, divertem o senhor mecenas. Eles representam seu papel.

Havia um senhor rico desse tipo que cultivava os seus intelectuais oportunistas e achava especialmente interessante recebê-los de manhã cedo, para o café, talvez como um gozo diferente para a ressaca do dia anterior.

E havia um intelectual desses – não uso sofista de propósito, porque não são – famoso pelo escândalo simples, pelo falar aos gritos e lançando perdigotos, pela avareza e pelo mal-disfarçado afã de servir.

Escreveu um livrinho de estrondo, como fazem os desconhecedores dos ventos. Estava no prelo, quando sobreveio uma revolução. O livrinho não era contra a redentora, mas podia ser tomado assim, afinal os redentores eram muito ignorantes.

O livrinho saiu com um posfácio, arranjado às pressas, que desdizia a obra toda! Assim, era mais seguro e de infâmia não se cuida, quando a obra é pouca.

Pois bem. Um dia de domingo qualquer, o intelectual foi tomar o café da manhã na casa do senhor rico. Estavam lá mais alguns elementos dessa fauna atemporal que precisa ir ter a uma varanda antiga.

O senhor, sentado, bebia café devagar. O coro estava calado, comia uma e outra coisa. O intelectual já estava no segundo ato e de forma furiosa.

Gritava, de um lado para outro, que Bacon isso e Bacon aquilo. Bacon, domingo pela manhã, mesmo se fosse bem traduzido em português por alguém que o leu, é uma maçada.

Pelas tantas, o dono da casa gritou a uma empregada: Ó, fulana, frita aí uns ovos com bacon, que acho que Antonino tá com fome!

Não se sabe se o senhor rico sabia de qual bacon se tratava, mas ele tinha razão…

1 Comment

  1. Sidarta

    Lá pelos anos 1930/1940 um conhecido foi fazer exame de motorista e não estudou nada de regulamento. Contactou com um dos examinadores, deu-lhe uma boa gratificação e o informou do seu nome.

    Na hora da chamada para a prova de regulamento, não percebeu que tinha sido convocado por outro examinador e não se preocupou com o exame.

    Ao ser perguntado sobre o que significava um silvo curto e dois longos, respondeu: “eu sou João Cícero”.

    O desfecho foi feliz uma vez que o examinador previamente contactado percebeu a confusão e passou Joao Cicero para a sua mesa para continuar o exame… repartindo, talvez, parte da comissão com o colega.

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