A pergunta pode, à primeira vista, parecer impertinente. Mas, não é. Se o ministério público eleitoral quer fazer política tem que ir em busca de votos pois, do contrário, não está habilitado para as últimas práticas adotadas.

O fato é que essa instituição pediu ao tribunal superior eleitoral a retirada do ar de um blogue chamado Amigos do Presidente, porque veiculou a notícia de que um relatório de bancos suíços previu a possibilidade da candidata à presidência Dilma Roussef vencer as eleições logo no primeiro turno.

Ora, essa previsão dos bancos foi amplamente divulgada em vários meios de comunicação. Por que, então, a fúria do ministério público eleitoral dirige-se apenas contra o blogue mencionado?

Existe um blogue chamado Amigos do Serra, o outro candidato na disputa, e este site faz campanha aberta para ele. Porque nunca foi objeto de alguma preocupação do zeloso ministério público eleitoral?

Não cabe a essa instituição o papel de censura, prévia ou póstuma, de qualquer meio de comunicação, principalmente se os critérios para a censura são desconhecidos, ou se são aleatórios, ou mesmo inspirados pela vontade de privilegiar uma das candidaturas à presidência.

Não é pouco absurdo o pedido de retirada do site do ar, porque a discussão política é livre. Além disso, revela uma abordagem até mesmo tola. Ora, se um site estiver hospedado em outro país, nem ministério público, nem qualquer tribunal brasileiro conseguirão retirá-lo do ar e a tentativa soará como um flerte com o autoritarismo ridículo.

Se o autoritarismo passar a dirigir-se indistintamente a sites apoiadores das duas candidaturas permanecerá o absurdo. Uma coisa é violar as condições de igualdade formal das eleições por abuso de poder econômico ou violar a lei com ataques à honorabilidade à guisa de fazer campanha e outra distinta é discutir política e dar informações. Convém não as confundir ou partir em busca de votos.