Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Preconceito de classe.

O caso mais evidente de preconceito de classe, a unir parte do 01% a parte da classe média escrava dos primeiros, é aquele que resulta na Lulofobia. Não é disso que pretendo falar brevemente. Lula é figura emblemática, mítica mesmo, que concentra essas manifestações, como alvo preferencial, e concentra também comentários e análises.

Todavia, o preconceito de classe tem várias manifestações, algumas delas até mais interessantes, afastando-se o viés puramente político, que a Lulofobia. Ele, o preconceito de classe, é mais forte que o verniz técnico e acadêmico que a classe média ostenta orgulhosamente. Ele está em tudo e sua mais interessante manifestação é a contradição de um grupo que se diz democrático pregar diretamente contra a democracia.

Ocorre, no Brasil, de se elegerem, aqui e ali, parlamentares não extraídos do empresariado e das máfias do direito, da medicina, das igrejas cristãs e da engenharia. Ainda é raro, mas tem havido a escolha popular de representantes populares. Um dia, teria que haver.

Esses parlamentares, deputados federais, deputados estaduais e vereadores, costumam ter alcunhas deliciosamente arcaicas, daquelas que associam a um nome a profissão ou o lugar de origem do sujeito. São os Chico da Feira, Zé da Sopa, Antônio Sapateiro. Isso dos nomes faz a delícia da pequena burguesia, grupo ávido pela chacota vulgar e apontadora do dedo. Ávido por rir da queda, do aleijão, da gagueira.

O médio-classista típico, ascendido socialmente há uma ou duas gerações, orgulhoso do seu diploma de alguma coisa, piegas e grosseiro porque o diploma não o instruiu nem o tornou delicado, volta suas baterias contra o palhaço, o futebolista e o feirante que se elegeram parlamentares. O foco centra-se precisamente na origem do parlamentar, que se evidencia nas suas posturas, expressões corporais, na maneira de falar, na sua vestimenta. A crítica pequeno-burguesa é baseada nos símbolos que ela percebe e a partir dos seus padrões distorcidos e pobres.

Dirão, em uníssono, que é absurdo o nível dos parlamentares que se encontram nas casas legislativas. E o dirão com ares e falares que são exclamações a cada pausa. Dirão que esse povo é mal educado e por falta de educação elege representantes inadequados, porque vestem-se, falam e têm origem social que os associam ao burlesco.

Esquece-se a pequena-burguesia enfurecida que ela é meio de cultivo da grosseria, do arremedo de modos estranhos, da cultura semi-letrada, da moralidade de mão única, do oportunismo, do cultivo da falsa ingenuidade e da falsa modéstia, da covardia. Ela é incapaz, salvo por alguns exemplares que devem sua excelência ao azar, de valores positivos e não copiados.

O pequeno-burguês afirmativo faz-se forte na meritocracia, que identifica ao seu saber meramente técnico, que não transborda um mililitro para outras sendas. O sujeito licencia-se em direito – para usar o exemplo mais comum – e não sabe coisa alguma que não seja o besteirol que aprendeu na faculdade e nos  cursos para ingressar no nirvana do serviço público.

Ou seja, são vagas de técnicos superficiais, ruins até na técnica que estudaram, incapazes de juízos estéticos, incapazes de pensarem por sí próprios, desconhecedores de história, de literatura, de ciências naturais, de boas maneira, de tudo, enfim, a porem o dedo acusador sobre o personagem burlesco que traz a legitimidade popular.

E essa gente repete – sem saber o que significa – o discurso aprendido segundo o qual há um estado de direito, que passa por eleições e é, por isso, democrático. Mas, no fundo, ignora o que pode haver por trás do discurso, seus fundamentos; sabe nada de democracia e suas noções de encadeamento lógico são primárias.

O que o pequeno-burguês linchador acusa no parlamentar de origens humildes é ele mesmo, é o que há nele mesmo, exceto o oportunismo, claro.

3 Comments

  1. Luiz Guilherme Prats

    Que texto mal escrito e cheio de achismos e preconceitos. Tem muito a ver com o comentário da louca-filósofa copiadora de textos alheios.

    • Andrei Barros Correia

      Tu, comentador, escreves como o típico médio classista crente na meritocracia, ignorante da inércia social. Não podias ter dito algo diverso…

    • Severiano Miranda

      Opa Luiz Guilherme, rapaz, acho que como mínimo, és um pouco violento em teu comentário. Desse forma nem discussão dá pra iniciar. =)
      Fica a dica.

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