Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Tag: Serra (Page 2 of 2)

Uma denúncia identificada.

O Deputado Federal Ivan Valente fez uma denúncia ao Ministério Público de São Paulo. Este órgão instaurou, a partir da denúncia, o inquérito civil 249, para investigar o quanto denunciado.

Basicamente, o Governo de São Paulo, entre 2007 e 2009, sob a direção do agora candidato a presidência José Serra, fez compras de R$ 34.704.472,52 (trinta e quatro milhões, setecentos e quatro mil, quatrocentos e setenta e dois reais e cinquenta e dois centavos) à editora Abril, cujo produto mais célebre é a péssima revista que atende pelo nome de Veja.

Inclusive, em 18/05/2009, o Estado de São Paulo adquiriu 5.449 assinaturas dessa infame revista semanal, ao preço de R$ 1.167.175,80 (um milhão, cento e sessenta e sete mil, cento e setenta e cinco reais e oitenta centavos). Seria interessante saber-se para quê.

Essa foi uma denúncia e um pedido de investigação firmados por um indivíduo identificado e versando sobre um objeto delimitado. A partir dela, o Ministério Público de São Paulo instaurou um procedimento e não saiu por aí a levantar suspeições, nem a fazer solicitações ilógicas à editora Abril.

A UDN não gosta de eleições, gosta de golpes.

A UDN nunca gostou de eleições presidenciais, porque frequentemente as perdeu, ainda que com franco apoio dos meios de comunicação de massas. Conseguiram levar Vargas ao suicídio, conseguiram tumultuar o país após a morte dele, quase conseguem evitar a eleição e posse de Juscelino Kubitschek.

Levaram Jânio Quadros a tentar um golpe, porque começaram a por empecilhos ao governo dele tão logo perceberam que não o manobrariam a seu inteiro gosto. Tentaram impedir a posse do vice-presidente eleito regularmente, com argumentos totalmente inconsistentes.

Então, aliaram-se àlguns ociosos do Departamento de Estado norte-americano e à pior parcela do exército brasileiro e, finalmente, deram um golpe exitoso. Impuseram vinte e um anos de ditadura militar ao país, deformando o que já era mal conformado. Deixaram de herança a crença na violência e na impunidade a partir de critérios econômicos e ideológicos.

Apropriaram-se parcialmente de um governo desastroso, na redemocratização de fancaria de 1985. Ajudaram a fazer uma constituição em que os direitos e garantias fundamentais são meras decorações, em 1988.

Apostaram em um aventureiro, semelhantemente ao que havia ocorrido com Jânio, e o elegeram em 1989. Perceberam que ele – embora não conhecesse limites, era altivo e insubmisso. Depuseram-no sob o argumento de uma corrupção de palitos de fósforo, em defesa de uma moralidade de pervertidos, e ainda induziram as pessoas a crerem que foram elas a retirá-lo.

Tentaram apropriar-se totalmente do governo de um direitista clássico de Minas Gerais, que sucedeu ao Calígula deposto, sem muito êxito. Não reputaram, todavia, necessário depor o liberal que se instalara temporariamente. Breve, assumiriam diretamente por meio de um preposto talhado para a ocasião: um professor absolutamente disponível, profundamente elitista e arrogante.

Triunfaram por oito anos. Para tanto, foi preciso alterar as regras do jogo e permitir a reeleição, algo de que nunca haviam tratado antes e contra que se insurgem quando não podem colher seus benefícios. Valorizaram a moeda nacional mediante uma artificial paridade com o dólar norte-americano, obtida por meio de dólares tomados emprestados a preços altíssimos.

Às vésperas da segunda eleição do francófono submisso, esconderam que o país havia quebrado e obtiveram mais uma dose de entorpecente, na forma de um empréstimo caríssimo de 40 biliões de dólares, autorizado pelo patrão, natural do Arkansas.

Empreenderam uma corrida frenética para vender tudo quanto fosse possível das infra-estruturas estatais, sob o argumento de que o dinheiro apurado serviria ao pagamento da dívida que aumentaram exponencialmente. Não pagaram coisa alguma e discursaram que tinham aberto as portas do país a um maravilhoso mundo novo. Esconderam que era apenas neo-colonialismo e submissão periférica, na verdade.

Estimularam o sentimento de culpa da vítima, segundo o qual os problemas eram de responsabilidade total das pessoas, embora essas nunca se tenham beneficiado de qualquer grande negócio e nunca tenham percebido a fundo o que se passava. Quebraram o país mais duas vezes e finalmente, ao final desse saque de oito anos, entregaram a terra arrasada ao primeiro indivíduo realmente de origens populares.

Incapazes de recuar da impostura – como um gato é incapaz de esconder a cauda – disseram insistentemente que o homem de origens pobres fracassaria e precipitaria o país no caos. Alternativamente, disseram que, caso não houvesse esse caos, seria por conta da benfazeja herança que tinham deixado. Ou seja, depois deles, só podia haver, ou o dilúvio, ou um sucesso que a eles se deveria. O mundo eram eles!

O caos não veio. E o sucesso que sobreveio não se deveu a qualquer herança deles. Deveu-se à mudança evidente de rumo tomado, principalmente na prática de tímidas políticas de rendas mínimas para os mais pobres desse país imensamente pobre. O mercado interno aumentou bastante, com esse tímido aumento de rendas das classes mais baixas.

Aconteceu uma enorme crise mundial – que ainda está aí – e o país foi dos pouquíssimos que não sofreram seus efeitos, senão marginalmente. Eles tinham apostado que a crise destruiria o país, o que aconteceria, claro, se fossem eles a comandar na ocasião. Além de coerentes com sua forma de pensar, a destruição era para eles um desejo sincero. Se a economia fosse destruída, pouco importando os custos sociais disso, eles teriam algum argumento para voltar.

Como de hábito, disseram que o país escapou da crise, ou por acaso, ou ainda por conta das idéias deles, que teriam sido postas em prática. É falso, pois a crise foi evitada precisamente por medidas que eles nunca tomariam. Ao contrário do receituário dos submissos, estimulou-se o crédito e deram-se isenções fiscais a setores escolhidos precisamente. Resultou bem, para felicidade do país e infelicidade deles.

Não compreendem – aqui não vai figura de linguagem – porque seu representante na disputa presidencial deste ano perderá por larga margem. Nisso são profundamente ignorantes, porque convém não apostar sempre que as pessoas escolhem contra elas mesmas. As pessoas vão apostar a favor de si mesmas e elegerão a representante do primeiro homem realmente de origens humildes que foi presidente.

Oito anos sem parasitar o Estado é muito para eles, que se ufanam de fazer discursos supostamente liberais, mas não vivem sem saquear o Estado. Doze anos longe dessa entidade que para eles sociabiliza os prejuízos e concentra os lucros, podem ser o prenúncio do fim. Então, para evitar esse fatal distanciamento, vale tudo.

Eles têm como prolongamento empresas de comunicação de massas, jornais, revistas e TVs, que fazem o papel claro e agora inteiramente desnudo de suas agências de publicidade. No caso das TVs, há uma inconstitucionalidade evidente nisso, porque são concessões públicas, mas eles fizeram deste um país em que as legalidades são relativas.

"PIG não é porco, é Partido da Imprensa Golpista"

"PIG não é porco, é Partido da Imprensa Golpista"

A mentira, o crime e a impostura estão sendo levadas aos píncaros, em busca de um escândalo – qualquer um serve – que permita atingir a candidata que vencerá. Se não há fatos, criam-se. Se não há qualquer ligação entre os fatos criados e os autores que se querem, criam-se as ligações.

Dispõem também de agentes entre aqueles que deveriam cuidar da aplicação das leis. Então, os agentes mediáticos criam os supostos fatos e forjam relações destes com os que querem atingir e os agentes que deviam cuidar da lei tratam de aplicá-la à criação. Assim, faz-se um golpe com aparência de legalidade.

Assim sempre tentaram, pois é o modelo lacerdista da invocação da legalidade mão única, oportunisticamente e baseada em mentiras. Apenas quando isso não resulta, pensam em formas mais drásticas, como o golpe militar a que recorreram em 1964.

Sucede que não é possível, hoje, essa solução mais drástica. Por isso, apostam no modelo clássico forjado por Lacerda, com a máxima intensidade possível. Sucede que assim como não é viável a solução militar, presentemente, também não é razoável apostar no golpismo mediático-jurídico imune a reações.

E seria profundamente tolo pensar em reações esquerdistas, que isso nunca houve no país. É sensato imaginar reações de todas as colorações, por parte de quem quer que acredite em eleições e por parte de quem quer garantir a eficácia da sua escolha por voto. Ainda que a memória seja curtíssima, poucos ignoram ou são incapazes de comparar o quanto houve nos últimos dezesseis anos e essa percepção está evidente no resultado que se projeta para as eleições.

Se houve melhoras e vota-se por aprovação a elas, dificilmente aceita-se a subversão dos resultados de uma eleição por argumentos sofísticos de palavrório jurídico, ainda que decorado de moralismo de banca de feira. A decoração moralista nada acrescentará ao golpe porque eles não são confiáveis.

É curioso perceber que o descrédito deles advém não apenas de sua histórica prática, mas também de uma estratégia que desenvolveram recentemente. Eles estimularam uma crença de que todos os políticos são igualmente desmerecedores de credibilidade. Fizeram-no para atacar os outros, que aos olhos da população eram muito melhores que eles, de imagem negativa há muito.

Agora a estratégia vai causar-lhes prejuízos, porque se todos são iguais moralmente, são preferíveis aqueles que conseguem melhorar as vidas das pessoas!

O chilique do democrático e cordato Serra na televisão.

José Serra, candidato a Presidente, foi dar uma entrevista à jornalista Márcia Peltier, do canal de televisão CNT. Convém lembrar que Serra, ele mesmo ou por seus prepostos mediáticos, repete à exaustão que o atual governo é autoritário com a liberdade de imprensa.

Pois bem: ele perdeu o controle e foi de imensa descortesia com a jornalista, apenas porque ela disse-lhe que as quebras de sigilo de que tanto se fala deram-se antes do período eleitoral e falou das pesquisas. Acusou o programa de ser uma montagem, de ser um esquema do partido da candidata Dilma Roussef. Foi extremamente grosseiro e mimado e disse que ia embora e queria que o vídeo fosse apagado.

Pediu à emissora as fitas da gravação e recebeu-as! Ora, Serra, o democrático, quer escolher as perguntas que os jornalistas lhe fazem? Só fala e só responde a quem serve perfeitamente ao seu roteiro? E, ainda por cima, confisca as imagens de sua grosseria?

Muito melhor que a vuvuzela…

A UEFA no começo desse mês, proibiu o uso de vuvuzelas ( as famosas “cornetas” usadas na Copa do Mundo desse ano) nas competições européias sob o argumento de que na África, elas traziam um tanto de folclore local aos jogos, coisa que não se repetiria na Europa, onde a tradição seria cantar.

Isso foi notícia há alguns dias, e eu não vejo, ou conheço, tanto sobre futebol para saber se a tradição por lá é realmente cantar ou não, na verdade eu não vejo tanto futebol para opinar na maioria dos casos, mas sempre faço uma confusão, afinal é futebol. Do que vi na Copa do Mundo, realmente se fazia uma zuada danada com as tais vuvuzelas.

Eis que algum tempo depois de eu ver a proibição nas notícias, vejo esse vídeo, de uma partida de pré temporada da Champions League, entre o Ajax da Holanda e o Dínamo de Kiev da Ucrânia, jogada no estádio Amsterdam ArenA. E… O povo canta, não só canta, como canta Three Little Birds, de Bob Marley. A bola deve ter rolado antes da hora no dia do jogo… De qualquer forma, com certeza a cantoria foi bem melhor do que a zuada das cornetas.

PS: Nota especial pra notícia de entrada do site do Ajax: “Brazil’s President pleased with Ajax shirt“, pô o Lula é tão popular quer até o Ajax que estar do seu lado… Tá fogo Serra, tá fogo!!!

Não será capa de nenhum jornal: Ministério Público determina que Serra devolva dinheiro desviado da saúde.

Na verdade o “Ministério Público” ai no título deveria estar no plural, já que foram o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado de São Paulo que encaminharam recomendação conjunta ao Governo José Serra (PSDB) para que devolva ao Fundo Estadual de Saúde R$ 2 bilhões que deveriam ser aplicados em saúde pública, nos últimos dois anos, mas foram depositados indevidamente em conta única do governo estadual e usados, também indevidamente, para outras finalidades.

E apesar de preferir que realmente a palavra correta na chamada fosse “determinar”, não é, seria sim, “recomendar”, como lido acima… Claro que, em caso de não cumprimento da “recomendação”, outras medidas judiciais ou extra-judiciais poderão ser aplicadas.

Outros estados da federação que se encontram também em maus lençóis (espero eu, afinal, “com saúde não se brinca”), são: Minas Gerais e Rio Grande do Sul (estados governados pelo PSDB) e também no Distrito Federal (então sob governo do DEM), coincidência ou não, são três do PSDB e um do DEM, existe cartilha pra isso???

Ao todo causaram prejuízo superior a R$ 6,5 bilhões ao sistema de saúde e afetaram mais de 74 milhões de habitantes. Bacana…

É esperar pra ver, mas em qualquer caso, a verdade é que, uma coisa a chamada tem de correta, não será notícia de capa, nem de jornalzinho de escola, ou revista de moda…

Continue reading

Dilma Roussef, José Serra e o Google. Como pensa o brasileiro de classe média?

O que as pessoas pesquisam atualmente no Google sobre Dilma Rousseff e José Serra?

Vamos admitir que os resultados do Google são dados por relevância do termo pesquisado. Vamos admitir que o Google – embora nada o impedisse – não comercializa a relevância desse ou daquele termo, alterando seu algoritmo. Vamos admitir que o Google – uma empresa como qualquer outra, visando a dinheiro – não tem interesses políticos imediatos.

Depois de admitir essas premissas, passemos a outras, entretanto. Interesses pessoais revelam-se por perguntas, por pesquisas, enfim. Acesso a meios de pesquisa dependem da extração sócio-econômica do pesquisante. Propaganda mediática feita no formato subliminar de jornalismo influencia o que os destinatários buscam como informação não-jornalística.

Por fim, admitamos que palavras adjetivas vêm carregadas de valores e que não são axiologicamente inertes nem abstratas. Há delas que revelam uma aparente neutralidade, que é de valoração positiva, há delas que revelam qualificações negativas. Continue reading

Newer posts »