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Revista Veja nos estertores finais?

Tenho a impressão de que o pior da imprensa brasileira, que são a Globo e a Veja, experimentam mais uma volta no já apertado parafuso do baixo nível, do partidarismo aberto e da desinformação mal-disfarçada. Chegaram a tal ponto de maniqueísmo rasteiro e de destinação evidente a semi-alfabetizados e nazistas de nascimento que a coisa parece um pedido de socorro.

No caso da Globo, tenho para mim, com poucas dúvidas, hoje, que é sim um pedido de socorro e de acordo com o governo federal. A Globo deve muito a credores privados nos EUA – algo à volta de 2 bilhões de dólares norte-americanos – e deve muito ao Estado brasileiro, por conta de sonegações oceânicas de tributos federais, dívida que corrigida e acrescida de juros chega próximo a 800 milhões de reais.

Não é pouco dinheiro nem para uma grande corporação detentora de alto poder de desinformação e chantagem. Por isso, calculou cuidadosamente os movimentos de ataques infundados e violentíssimos ao governo e seus integrantes, sempre por um nada ou quase nada, na medida cronológica certa para interditar a presidente para as próximas eleições, dando o golpe, ou fragilizá-la a ponto de não precisar do golpe mediático judiciário e ganhar o pleito com qualquer um dos postulantes à direita.

Talvez a campanha moralista dos amorais natos tenha iniciado-se muito cedo, notadamente para empresa que se serviu de expedientes demasiado iníquos até para padrões da imprensa brasileira. Parecia que o governo seria mais covarde que o habitual, mas houve alguma reação à campanha sistemática de agressões quase sempre fundadas em puras inverdades.

Vieram à tona os casos das enormes dívidas de subsidiárias da Globo nos EUA onde, inclusive, a coisa foi parar nos tribunais e soube que girava em torno aos expressivos 2 bilhões de dólares. Soube-se, também, que a empresa fora autuada pela Receita Federal por vários ilícitos contra a legislação tributária brasileira, notadamente manobras para escamotear a ocorrência de fatos geradores de tributos.

O processo no fisco brasileiro montaria, em valores atuais, a cerca de 800 milhões de reais de multa. Este caso teve o agravante de envolver episódios dignos de novela, como foi por exemplo o caso da funcionária do fisco que roubou os autos e teria desaparecido o processo.

Particularmente, apesar das discretas mas desesperadas propostas implícitas de acordo, não creio que fosse inteligente o governo anuir porque acordo com a máfia só faz quem é mafioso e se dispõe a assim agir do começo até ao fim. Aconteceria o previsível: o governo deixaria de ser maltratado por qualquer coisa por três ou quatro meses e mais tarde voltaria a tomar pau no lombo em editoriais e matérias supostamente jornalísticas diariamente, ainda a tempo de jogar-se o resultado do pleito de 2014.

O caso da revista Veja é mais interessante, porque algo vertido em linguagem escrita apresenta por contraste e pela expectativa gerada contornos mais nítidos da baixeza de visão e superficialidade de abordagens. A Veja não pode ir além no maniqueísmo, na superficialidade, na manipulação, na negação da realidade, na distorção dela, na mentira pura e simples, porque ela chegou aos limites viáveis.

Mais além do que já foi, somente se se dispuser a estimular o assassinato de pretos, pobres e petistas somente por o serem, sem mais quaisquer arremedos de desculpas ou sofismas de botequim.

Uma revista destas semanais pseudo-informativas vive, entre outras coisas, do mito da imparcialidade, algo que lhes confere autoridade junto a seu público. Sua prática, além de violar evidentemente a imparcialidade, coisa que não existe nem é necessária na imprensa, consiste em levar o público ao desconhecimento. Assim, muito mais importante que noticiar e moldar respostas do público é deixá-lo na escuridão quanto a tal ou qual assunto, seletivamente.

Não era à toa que o falecido barão da Globo dizia, com muita sagacidade, que o importante não era o que o jornal da noite dava, mas precisamente o que não dava, porque assim era inexistência. Não é preciso ser tão sagaz quanto o barão global para saber que esta lógica diabólica funciona muito bem, mas pressupõe o monopólio da comunicação de massas.

A revista Veja não tem o monopólio das comunicações escritas, mas certamente atinge e seduz metade da classe média brasileira, o que se percebe a toda evidência quando se chega ao trabalho na segunda-feira. Qualquer ambiente de trabalho e principalmente alguma repartição pública terá dois ou três versões faladas do que continha a versão mal-escrita do final de semana passado. Essa gente chega ao trabalho ávida por reproduzir as propostas de linchamento que leu no seu veículo instrutor, bem como as jóias de ciência de astrólogos que a revista veicula.

Ora, a aposta na burrice é das mais seguras que existem, porque ela é superabundante. Acontece que nem todo o público cativo de alguma publicação deste nível integra uma malta criminosa organizada, ou seja, nem todos são empregados diretos e beneficiários do pessoal para quem trabalham as Vejas. Daí que essa gente que é apenas moralista histérica, semi-alfabetizada e demofóbica pode sentir-se traída em certas ocasiões.

Se se retirarem os associados e beneficiários diretos e indiretos da atividade mafiosa da revista e de seus patrões e os visceralmente conservadores – mesmo quando seu conservadorismo é contra si mesmo – restam as pessoas de boa-fé que se assustam e se escandalizam com a imoralidade da semana. Se a revista omite algum escândalo de roubo de dinheiros públicos, como no caso dos trens de São Paulo, ela pode estar sucumbindo à burrice que contra encontrar nos seus leitores.

A parcela do público médio que, mesmo com raciocínio binário, conservador e moralista, vir na capa de outra revista que um esqueminha desviou 500 milhões de reais do Governo de São Paulo, ao longo de vinte anos, e que foi comprovado por depoimentos dos que pagaram o suborno, ao ver na capa de sua Veja a milésima reportagem sobre exercícios físicos, boa forma, emagrecimento e que tais pode sentir-se um tanto traída.

Pois a Veja ignorou solenemente o que nem mesmo a Globo, o Estadão e a Folha de São Paulo tiveram coragem de fazê-lo. Esses outros meios deram a notícia banhada em eufemismos, mas a Veja suprimiu, pura e simplesmente.

A Globo, a Folha e o Estadão são demofóbicos e entreguistas e trabalham a bem da demofobia e do entreguismo, mas parecem não ler ligações umbilicais com certo partido político – ou a disfarçam razoável e esporadicamente – e têm algum instinto de sobrevivência. Dá-se algo notável com a Veja, que é sim e claramente um panfleto de um partido, sem mais disfarces.

Seu jogo é arriscadíssimo, porque o governo não a procurará e porque parte dos que a leem sentir-se-á traída pela gritante seletividade que omite algo impossível de ser ignorado, como é o caso oceânico de roubalheira nas compras de trens à Alstom e Siemens pelos sucessivos governos tucanos em São Paulo. Há conservadores que não integram bandas criminosas: são apenas conservadores e demofóbicos, mas emprestam sinceridade ao seu moralismo pós-udenista. Estes podem sentir-se feitos de tolos.

A hesitação da Veja e da Globo deixou a classe média sem opinião por uma semana.

Tem havido manifestações em grandes cidades brasileiras, que inicialmente voltavam-se contra os aumentos das passagens de ônibus urbanos. É fora de dúvidas que são preços altos e pesam significativamente nos orçamentos dos usuários. Essas manifestações tomaram dimensões muito grandes e persistem com a força inicial, agora voltadas contra quase tudo que envolva aspectos de interesses individuais e de grupos.

Não compreendo bem as movimentações – que são algo relevante – mas acho realmente difícil e até arrogante pretender compreender coisas assim amplas rapidamente. É preciso perceber, além do presente e dos interesses em jogo, os episódios históricos semelhantes que se podem por como termos de comparação.

Mas, não escrevo para tentar perceber as manifestações, que envolveram muita violência policial, inclusive. Escrevo para rir-me de algo realmente cômico.

Dois meios de comunicação hesitaram por uma semana antes de se posicionarem taxativamente sobre as manifestações, o que deixou a classe média sem ter o que pensar delas também, porque não pensa exceto pelo que pensam para ela.

É verdade que um e outro, isolada e apressadamente, expuseram opiniões advindas das profundezas duodenais. Foi o caso do tolo enfurecido Arnaldo Jabor, que desfiou lugares-comuns como baderna, arruaça e coisas do gênero, aptas a emocionarem seu público cativo de superficiais propensos ao linchamento e à defesa da atividade policial como prende e arrebenta.

Acontece que os patrões, após a hesitação inicial, perceberam que havia dividendos políticos a se obterem da coisa, dizendo, enfim, que era revolta popular contra o governo. Demoraram um pouco, mas perceberam que servia aos designios monômanos de atacar governo que cometeu o pecado de trabalhar mais pelo país que por patrões estrangeiros e promoveu discreta redução nas abissais desigualdades socias.

Não vejo Globo, mas creio que o patético Jabor já deve ter-se desdito, na mesma linguagem tão exasperada quanto cheia de verdades que adota. O patrão dele deve ter-lhe dito da imbecilidade em que incorrera, deixando-se levar pelas categorias poucas que o pautam. Devem ter-lhe dito que a coisa era boa para falar mal do governo e ele, tão gênio, não percebera, mais afeto ao pensamento duodenal que ao cerebral.

O caso é que comicamente, por uma semana, era impossível encontrar alguém com opinião sobre as manifestações, porque a Veja e a Globo ainda não lhas tinha fornecido.

Por que é que tudo no Brasil é o mais caro do mundo?!

Começo esse post, com uma pergunta que me foi feita outro dia por Luiz Eduardo (@LuizEdRodrigues). Na ocasião discutiamos sobre a notícia recém dada de que a “Apple Store brasileira é a mais cara do mundo”! Segundo a notícia veiculada, a empresa que fez a pesquisa somou os preços (com impostos) dos modelos de entrada dos cinco produtos mais vendidos (iPad 2, MacBook Air, iPod Touch, MacBook Pro e iMac) em 37 lojas online da Apple no mundo. Depois, a empresa os dividiu por cinco para chegar a uma média de preço geral, sem a definição do produto, sempre transformando as moedas locais em dólar, euro e libra.

Segundo a pesquisa, pagamos na média de preço desse “produto geral” 580,00 US$ a mais que nos paises de preços mais baixos, e entre os paises de preços mais baixos estão Malásia, Hong Kong e Cingapura. Pra que não digam que é nos EUA, paraíso das compras “não oficiais” brasileiras, que está o procurado tesouro… Pelo menos não lá somente. Os preços seguem:

As Apple Stores mais caras do mundo
Brasil (Média de preços – US$ 1.386)
República Tcheca (Média de preços – US$ 1.297)
Tailândia (Média de preços – US$ 1.171)
Noruega (Média de preços – US$ 1.103)
Dinamarca (Média de preços – US$ 1.075)
As Apple Stores mais baratas do mundo
Malásia (Média de preços – US$ 803)
Canadá (Média de preços – US$ 804)
Hong Kong (Média de preços – US$ 807)
Estados Unidos (Média de preços – US$ 819)
Cingapura (Média de preços – US$ 849)

Fato é que no Brasil realmente pagamos caríssimo por produtos que em outros lugares não tem esse valor, outro exemplo muito bom, é o dos vinhos. Vinhos europeus que custam 5 ou 6 €$, chegam ao Brasil custando 50,00 R$, ora, se 5 €$ são em média 12,50 R$, 100% de lucro em cima seria 25,00 R$. Então o cara que vende os vinhos tá ganhando uma nota, e ai alguem pode dizer, mas tem o transporte e outros custos embutidos, e a resposta lógica a essa afirmativa é: isso seria verdade, se os preços das cervejas importadas também disparassem, o que não é certo. E que eu saiba, os custos de transporte e etc. são bem semelhantes, já que as bebidas se assemelham, são garrafas, de mais ou menos a mesma quantidade de bebida, enfim…

No caso em questão, das bebidas, o imposto é mais alto, e nem isso justifica o alto preço dos vinhos, seguindo a mesma semelhança com o caso das cervejas, e por falar em imposto, isso foi muito bem colocado por Andrei, quando falou:

“Brasil, país de ladrões.
Mais do mesmo e do óbvio. Revejo mercados em Portugal: tudo – tudo mesmo, sem excepções quaisquer – é mais barato que no Brasil, em termos absolutos e em termos relativos também, é claro, porque aqui a moeda é ainda mais forte.
A tolice que domina os meios de comunicação apontaria os canhões para a carga tributária, essa coisa culpada por tudo.
Ora, ora… A carga tributária, ó gentis tucaninhos e leitores de veja, é maior aqui que aí. Então, com quê se fica, se o culpado de sempre não está disponível?
Fica-se com a ladroagem despudorada dos grandes varejistas, dos vendedores de carros, dos vendedores de telefones, computadores, telecomunicações e tudo o mais. Se fosse falar dos vendedores de dinheiro, perderia demasiado tempo…”

Os exemplos são demasiados, mas depois do exposto pelo próprio Andrei, fica a frase que Luiz Silveira proferiu em nossa discussão, pra fechar o post, como fechou a discussão anteriormente: “O consumo no brasil deve ser excludente para nos sentirmos exclusivos.“.
Os preços não vão cair, porque o sentimento é bem esse… Me arrisco a dizer da maioria, de exclusivismo… Os exclusivos têm carro e não se vêm como povo que são, e não transporte público, veremos como estarão as cidades daqui a algum tempo, com as carroças de Collor (sim porque olha na figura abaixo como eles andam no México), e sem transporte público de qualidade. Vai ser o caos.

Preços dos carros.

Preços dos carros.

Zé Dirceu mete medo na Veja.

Aconteceu um episódio que mistura patifaria e ridículo, em doses imensas. Um repórter da revista Veja – o maior lixo editorial brasileiro com pretensões informativas – tentou invadir o apartamento do Zé Dirceu, no hotel em que ele hospeda-se, em Brasília.

Sim, o fulano tentou enganar a camareira, dizendo-se o hóspede daquele apartamento e que tinha perdido as chaves. Uma estratégia tosca, que não deu certo, porque a camareira sabia muito bem quem era o hóspede costumeiro do quarto.

Desmascarado, pois a camareira avisou à gerência do hotel, o tal repórter saiu às pressas, sem pagar a conta! Mas, o agente semi-secreto da Veja tornou à carga. Retornou ao hotel, identificou-se com outro nome, disse que era assessor de um certo prefeito e que precisava deixar uns documentos importantes no quarto do Dirceu. Novamente, a ação dessa mistura de Clouseau com empregado de Corleone resultou mal.

O hotel apresentou queixa formal, na polícia, por tentativa de invasão.

Está claro que se ia produzir um escândalo, essa coisa difusa de que vivem meios de comunicação do nível da Veja. Ou iam implantar escutas no quarto, ou forjar documentos acusadores ou qualquer coisa desse jaez mafioso que está por trás da falta absoluta de limites e atuação clara no âmbito mafioso.

Zé Dirceu é um sujeito inteligente, muito tenaz e político vinte e cinco horas por dia. Tem, além dessas características, outra muito interessante: mete-se em tudo e assume os riscos correspondentes. Nesse sentido, não é um canalha, porque joga as regras do jogo e fá-lo com mais desenvoltura que a enorme maioria dos políticos.

Ele foi alvo – o que não carrega juízo de culpa ou inocência – de uma manobra bem orquestrada para fragilizar o ex-presidente Lula, no início de seu primeiro mandato. A imprensa contrária ao ex-presidente criou uma coisa chamada mensalão. Essa coisa seria um esquema governamental de pagamento mensal e constante por apoio parlamentar.

A criação da farsa baseou-se em duas coisas existentes. A primeira é o financiamento ilegal – por fora – de partidos políticos, que gastam nas campanhas eleitorais muito mais que o declarado oficialmente. Outra, foi a filmagem de um  pedido trivial de suborno, por parte de um funcionário subalterno da Empresa de Correios, que nenhuma ligação a Dirceu tinha. O valor é bastante esclarecedor, pois esse imenso meliante recebeu R$ 3.000,00! Sim, a república devia ser abalada por um pedido de U$ 1.500,00, feito por um subalterno!

O público recebe a bomba já armada, tudo misturado e uma versão final pronta e já com os acusados condenados. Todavia, Lula e Dirceu estão muito longe de serem estúpidos. O ministro poderosíssimo afastou-se do cargo e cuidou de defender-se. O presidente afastou de si o tal escândalo e o mundo seguiu seu rumo.

O problema desses escândalos é precisamente sua vacuidade e a diferença entre alguma base fática e a versão oferecida pelos media. São instrumentos táticos que servem à uma estratégia maior, de longo prazo. Assim sendo, destinam-se a terem vida curta e a sucederem-se, uns aos outros. Então, ou bem um desses escândalos tem massa crítica suficiente para uma total derrubada do alvo, ou bem vai esvair-se aos poucos, à espera do próximo.

O lastro do mensalão são coisas diversas do que se acusou Dirceu e o governo em geral. Trata-se do fluxo de caixa dos partidos políticos e envolve a todos eles. O mensalão, como foi vendido, é profundamente improvável, embora fosse uma grande idéia, caso posto em prática, porque comprar continuadamente é mais barato que esporadicamente.

O caso é que o problema do financiamento ilegal de partidos, se levado às últimas consequências, implicaria enormes prejuízos em todo o espectro político partidário e isso não convinha, obviamente, a um escândalo desencadeado por visões politico partidárias. E Dirceu, evidentemente, sabe disso e sabe de muito mais.

Levaram o caso ao supremo tribunal. O ministério público denunciou algumas figuras políticas, entre elas o Zé Dirceu, pelo que seria o mensalão. Ou seja, denunciou pelo que não aconteceu, mas pode levar, ao menos hipoteticamente, a descobrir-se o que acontece…

Da forma que se fez a denúncia e tratando-se de réus poderosos e dispostos a defenderem-se adequadamente, parece claro que redundará em absolvição. Não sei se os media, Veja principalmente, terão coragem de apostar ainda mais e atacar o tribunal, a insistir na inexistência que encobre outra coisa. Por isso, a tentativa de invasão – prova da possibilidade da convivência da patifaria com o ridículo – faz bastante sentido.

A publicação precisa de alguma coisa, e qualquer uma serve e qualquer meio é para ela possível, para manter a pressão sobre Dirceu. Não pode haver um Zé Dirceu absolvido e sempre sabedor das coisas e disposto ao combate.

 

O problema da Veja é de nível, não de opção ideológica.

Direitismo e esquerdismo nada têm, conceitualmente, com banditismo ou mediocridade. Têm com idéias sobre a produção e a repartição dos rendimentos dos fatores de produção empregados, entre seus detentores.

Assim entendidos, em uma quase impossível pureza conceptual, tornam-se categorias ontológicas inconfundíveis com outras, como a moralidade, por exemplo. Claro que a substância teórica de uma e outra ideologia terá aqui e ali aspectos de outras categorias, mas não haverá confusão ou identidade de coisas.

Claro também que direitismo e esquerdismo tomados na sua face teórica são realidades puramente conceituais e que as ações que neles possam-se inspirar serão coisa diversa das mesmas ideologias. Aqui não falo, nem pretendo referir-me ou convidar àlguma abordagem weberiana.

Quero dizer que a ação política inspirada por uma e outra linha ideológica são práticas diversas das inspirações, porque umas são atuações e outras são pensamentos. Assim entendidas as ações, fica ainda claro que ambas podem ter suporte nas teorias em sua mais elevada formulação, ou em substratos dispersos e medíocres, sem reais conexões com os conceitos.

Podem ainda as atuações políticas inspiradas por uma e outra corrente ideológicas desviarem-se para o ilícito, para a mentira. E não há, teoricamente, algo que permita apontar uma inclinação maior ou menor de uma ou outra pelo ilícito, pelo jogo sujo.

Uma publicação como a revista Veja é, antes de tudo, um amontoado de mediocridade, de mentiras, de jornalismo seletivo, de anseio por produzir a imbecilização coletiva. Fixado um propósito, servindo àlgum interesse que a pôs a soldo, faz qualquer coisa que repute necessária à consecução dele.

Pouco importará se afirmará conclusões sem a mínima base fática, pouco importará se lançará o opróbio público sobre quem se sabia ser inocente das acusações, pouco importará se escolherá aspectos fora de contexto para formar uma acusação, pouco importará, afinal, a mentira.

Importará que sirva aos desígnios escolhidos, ainda que passe muito longe do que é jornalismo, embora insista em dizer que está a fazê-lo. Não é um meio para informar, é para incutir uma crença, sob a aparência de extrair conclusões válidas de fatos. Mas, geralmente, fatos não há. E quando deles há, são, ou deformados, ou partidos em sub-fatos cuja dispersão faz um quebra-cabeças impossível de ser montado.

A publicação pensou ser útil ao disfarce de sua infâmia fazer seus defensores – os sabedores da estratégia e os simplesmente bobos e mal-intencionados suficientemente para tomar para si a missão de difundir a tolice – defenderem que se trata de ideologia e moralidade.

Essa estratégia pode revelar-se perigosa para ela, porque identificando mentira, mediocridade e agressividade sem provas com postura ideológica direitista e moralista está a identificar uma forma de pensamento com a estupidez e a brutalidade. Depois de feito o estrago, não quererão ocupar-se em desfazê-lo ou não serão capazes.

Prestam um enorme desserviço à evolução institucional do país, porque não convém que se identifiquem mau-caratismo e falso moralismo com direitismo, porque conceitualmente não se identificam mesmo. Mas, é a trilha que seguem e estimulam seus prepostos, pagos e voluntários, a difundirem essa identificação, como se fosse uma justificativa.

Ora, duas pessoas de ideologias diversas, mas com o mesmo nível de conhecimentos, prezadoras do pensamento aberto e honestas intelectualmente vão entender-se sem precisarem jogar sujo uma contra a outra. As ocasiões em que um direitista e um esquerdistas que preencham os requisitos mencionados encontram-se e conversam sem problemas são muito maiores que se supõe.

Contrariamente, raras serão as oportunidades em que um direitista ou um esquerdista esclarecidos e honestos intelectualmente entender-se-ão com um selvagem do vale-tudo, ignorante das teorias e, principalmente, desonesto nas suas posturas consigo e com os outros. As proximidades, na verdade, só dão-se entre semelhantes e, entre patifes, por exemplo, não há amizade, mas cumplicidade delitiva. Um e outro ensaio de Montaigne vai bem a este propósito.

O grupo do vale-tudo, nos média e em outros setores, não é necessariamente conhecedor ou professador incondicional de alguma ideologia identificável. Há, no Brasil, vastas porções de grandes patrões – presumivelmente mais inclinados a uma ideologia direitista, portanto – que não se dispõe a ler o amontoado de mediocridades de uma Veja.

Simplesmente porque seus interesses financeiros e suas inclinações ideológicas não passam necessariamente pela agressividade mentirosa de neo-convertidos, esses que precisam ser mais violentos que aqueles no seio de quem vão ter, para provar a fidelidade da adesão ao vale-tudo.

Daí que o ambiente atual nos média brasileiros não se explica simplesmente por um corte entre direita e esquerda, mas por um corte mais profundo entre estupidez, mentira e mediocridade, de um lado, e jornalismo, de outro.

A Veja mente contra Ciro e Cid Gomes.

Meios como a revista Veja e o jornal Folha de São Paulo sairão menores desse surto de partidarismo agressivo, mentiroso e de baixo nível, a que se entregaram profundamente. Menores em termos propriamente mercadológicos, pois pequenos em termos jornalísticos são há muito.

A revista publicou matéria supostamente jornalística em que acusou o Deputado Federal Ciro Gomes e o Governador do Estado do Ceará Cid Gomes, irmãos, de praticarem corrupção com dinheiros públicos. Disse que isso estaria em papéis da Polícia Federal.

A Polícia Federal divulgou uma nota, no seu sítio de internet, dizendo o seguinte:

Fortaleza/CE: Em referência à reportagem publicada na Revista Veja, Edição nº 2183, páginas 82-83, intitulada “Integração Cearense”, a Superintendência Regional da Polícia Federal no Ceará informa que as investigações em andamento não alcançaram qualquer autoridade federal ou estadual detentora de foro privilegiado, tampouco o Governador do Estado do Ceará, CID FERREIRA GOMES e o Deputado Federal CIRO FERREIRA GOMES; por
esse motivo o processo que a revista faz alusão tramita em 1ª instância Na Justiça Federal do Ceará.

Informa ainda, que as investigações encontram-se sob segredo de justiça, razão pela qual nenhuma outra informação será fornecida.

Por: Comunicação Social/ Superintendência Regional da PF no Ceará

Tel.: (85) 3392-4867

A revista mentiu, portanto. Se não tiver provas do que disse, praticou o crime de calúnia e deve responder por ele.

Enquanto isso, nos porões…

Enquanto o presidente ganha um prêmio, que além de importante pra ele (principalmente em época de campanha), também é importante para o país, a revista semanal de maior circulação aqui em pindorama trata do assunto com a seriedade que ele merece…

Sobre isso já se falou muito bem no Acerto de Contas, aqui (O míope ideológico) e aqui (Para o cérebro binário do míope,candidato adversário é um ser enviado pelo capeta para destruir o Brasil).

A dita revista se tornou o livro sagrado de um dos lados dessa galera há tempos…

Veja
Veja, a imparcial.